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FERNANDO RODRIGUES
Chapa-branquismo dilmista
BRASíLIA - A se confirmarem as
previsões, com base nas pesquisas,
Dilma Rousseff (PT) será eleita e terá em 2011 o Senado mais governista desde a volta do sistema de escolha direta de presidentes da República pós-ditadura.
Pelas contas publicadas por esta
Folha no sábado, o bloco chapa-branca ficará em torno de 55 dos 81
senadores. Numa estimativa conservadora, terá 50 cadeiras. Seria
um voto além dos 49 necessários
para promover mudanças constitucionais. Esse cenário nunca existiu
para Collor (eleito em 1989), FHC
(1994 e 1998) e muito menos para
Lula (2002 e 2006).
Embora Collor e FHC tenham sido eleitos com o apoio de substratos políticos sempre propensos à
adesão, o modelo de suporte era
mais difuso. Basta lembrar que a
maior de todas as legendas, o
PMDB, nunca esteve presente em
uma chapa presidencial vencedora
até hoje em eleições diretas.
É o que acontecerá agora, se
confirmadas as pesquisas. O peemedebista Michel Temer é o candidato a vice-presidente na chapa
com Dilma. O PMDB está no dilmismo desde o seu primeiro dia. Muitos nesse agrupamento já salivam
ao pensar nos cargos novos em
2011.
Essa hegemonia congressual será ainda mais pronunciada na Câmara, onde prevalece um histórico
fisiologismo rasteiro. A Câmara
Baixa também começará o ano que
vem com uma bancada dilmista
composta pela dezena de partidos
que dão hoje apoio eleitoral oficial
à candidata de Lula.
Esse adesismo prévio, inédito,
aumentará o poder de controle
exercido pelo Planalto sobre a Câmara e o Senado. Indagada sobre
se é favorável a mudanças constitucionais, pela via tradicional ou
por meio de um Congresso com poderes especiais, Dilma tem sido comedida. Sempre usa a mesma frase: "Depende de como e com qual
Congresso". Essa resposta enigmática deixa a porta aberta para todo
tipo de experimento em 2011.
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