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CLÓVIS ROSSI
É a Marta, estúpidos
SÃO PAULO - José Serra livrou 477 mil votos de vantagem sobre Marta
Suplicy. Como é inevitável que ganhe
pelo menos alguns votinhos no turno
final, dá para afirmar tranqüilamente que, por baixo, por muito baixo, a
prefeita terá que arrebanhar uns 500
mil novos votos se quiser continuar
no cargo.
Quinhentos mil votos é a votação
somada de todos os candidatos ao
pleito paulistano, excetuados, claro,
os três primeiros colocados.
Seria mais fácil se a situação fosse a
inversa, ou seja, se Serra fosse o candidato da situação, e Marta, da oposição. Se os eleitores dos demais candidatos votaram em algum deles é
porque, supostamente, queriam mudar o governante da cidade, certo? Se
é certo, a lógica diz que continuarão
querendo mudar e, agora, o único
nome à disposição para materializar
tal desejo é Serra.
O que complica mais a vida de
Marta é o fato de que duas das armas
teoricamente à disposição para reverter a vantagem de Serra já foram
usadas. O fator Lula rendeu quase
nada, como se deduz da comparação
entre as pesquisas pré-entrada de Lula na campanha e a votação.
O fator "desconstrução" do adversário parece ter sido tiro no próprio
pé: Serra terminou com 43% dos votos, porcentagem que jamais atingira
nas pesquisas antes de ser atacado
(nunca chegara a 40%) e que tucano
algum jamais obteve em todas as anteriores eleições paulistanas.
Pode até ser que não haja relação
alguma de causa-consequência entre
ataques e 43%, mas o que mais explicaria a onda que levou Serra a seus
números finais?
Marta já perdeu então? Sei lá. Parece, no entanto, que seu melhor trunfo
potencial é a política social mesmo.
Se ganhou no fundão da cidade, pode-se imaginar que foi porque o bilhete único ajuda mais quem mais
conduções toma para ir ao trabalho
ou dele voltar.
Como já foi dito aqui mesmo, a
eleição é um plebiscito sobre Marta
Suplicy. Ou ela se mostra toda (e convence) ou o difícil (a reversão) fica
impossível.
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