São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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CLÓVIS ROSSI

É a Marta, estúpidos

SÃO PAULO - José Serra livrou 477 mil votos de vantagem sobre Marta Suplicy. Como é inevitável que ganhe pelo menos alguns votinhos no turno final, dá para afirmar tranqüilamente que, por baixo, por muito baixo, a prefeita terá que arrebanhar uns 500 mil novos votos se quiser continuar no cargo.
Quinhentos mil votos é a votação somada de todos os candidatos ao pleito paulistano, excetuados, claro, os três primeiros colocados.
Seria mais fácil se a situação fosse a inversa, ou seja, se Serra fosse o candidato da situação, e Marta, da oposição. Se os eleitores dos demais candidatos votaram em algum deles é porque, supostamente, queriam mudar o governante da cidade, certo? Se é certo, a lógica diz que continuarão querendo mudar e, agora, o único nome à disposição para materializar tal desejo é Serra.
O que complica mais a vida de Marta é o fato de que duas das armas teoricamente à disposição para reverter a vantagem de Serra já foram usadas. O fator Lula rendeu quase nada, como se deduz da comparação entre as pesquisas pré-entrada de Lula na campanha e a votação.
O fator "desconstrução" do adversário parece ter sido tiro no próprio pé: Serra terminou com 43% dos votos, porcentagem que jamais atingira nas pesquisas antes de ser atacado (nunca chegara a 40%) e que tucano algum jamais obteve em todas as anteriores eleições paulistanas.
Pode até ser que não haja relação alguma de causa-consequência entre ataques e 43%, mas o que mais explicaria a onda que levou Serra a seus números finais?
Marta já perdeu então? Sei lá. Parece, no entanto, que seu melhor trunfo potencial é a política social mesmo. Se ganhou no fundão da cidade, pode-se imaginar que foi porque o bilhete único ajuda mais quem mais conduções toma para ir ao trabalho ou dele voltar.
Como já foi dito aqui mesmo, a eleição é um plebiscito sobre Marta Suplicy. Ou ela se mostra toda (e convence) ou o difícil (a reversão) fica impossível.


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