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Lula e os reféns
O PRESIDENTE Lula deveria
ouvir com atenção a súplica de Yolanda, mãe de Ingrid Betancourt -a ex-candidata
à Presidência colombiana seqüestrada há quase seis anos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)-, para que ajude a libertar os reféns
em poder da narcoguerrilha.
Razões humanitárias justificariam o engajamento do Brasil
numa intermediação entre o governo colombiano e as Farc -a
guerrilha mantém 45 reféns políticos. Um eventual acordo na
troca de prisioneiros também
poderia servir de base para negociações mais ambiciosas, visando
a pôr fim às quatro décadas de
um conflito que já matou mais de
40 mil pessoas no país vizinho.
O problema é que a tarefa, simples na aparência -trata-se de
trocar os 45 reféns por cerca de
500 guerrilheiros presos pelo governo-, tem-se revelado complexa. Nela já fracassaram negociadores gabaritados como a diplomacia francesa e a suíça. Outro que malogrou foi o presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Este, entretanto, era um revés
previsível: sua personalidade
não combina com a concórdia.
A maior dificuldade está no fato de que nem as Farc -que nasceu como guerrilha marxista,
mas migrou para o terreno da
criminalidade organizada- nem
o presidente colombiano, Álvaro
Uribe, parecem dispostos a ceder
um milímetro. Fica a desconfiança de que o conflito está tão
enraizado que se tornou um modo de vida para ambos os lados.
Faz sentido chamar para a mediação o presidente Lula, chefe
do Estado sul-americano mais
vocacionado para a tarefa -por
suas dimensões territoriais e
econômicas e pela tradição pacifista de sua política externa. Mas,
obviamente, o Brasil só poderá
agir mediante solicitação expressa do governo da Colômbia.
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