São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Lula e os reféns

O PRESIDENTE Lula deveria ouvir com atenção a súplica de Yolanda, mãe de Ingrid Betancourt -a ex-candidata à Presidência colombiana seqüestrada há quase seis anos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)-, para que ajude a libertar os reféns em poder da narcoguerrilha.
Razões humanitárias justificariam o engajamento do Brasil numa intermediação entre o governo colombiano e as Farc -a guerrilha mantém 45 reféns políticos. Um eventual acordo na troca de prisioneiros também poderia servir de base para negociações mais ambiciosas, visando a pôr fim às quatro décadas de um conflito que já matou mais de 40 mil pessoas no país vizinho.
O problema é que a tarefa, simples na aparência -trata-se de trocar os 45 reféns por cerca de 500 guerrilheiros presos pelo governo-, tem-se revelado complexa. Nela já fracassaram negociadores gabaritados como a diplomacia francesa e a suíça. Outro que malogrou foi o presidente venezuelano, Hugo Chávez. Este, entretanto, era um revés previsível: sua personalidade não combina com a concórdia.
A maior dificuldade está no fato de que nem as Farc -que nasceu como guerrilha marxista, mas migrou para o terreno da criminalidade organizada- nem o presidente colombiano, Álvaro Uribe, parecem dispostos a ceder um milímetro. Fica a desconfiança de que o conflito está tão enraizado que se tornou um modo de vida para ambos os lados.
Faz sentido chamar para a mediação o presidente Lula, chefe do Estado sul-americano mais vocacionado para a tarefa -por suas dimensões territoriais e econômicas e pela tradição pacifista de sua política externa. Mas, obviamente, o Brasil só poderá agir mediante solicitação expressa do governo da Colômbia.


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