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TÁTICAS PARA A ALCA
No próximo dia 15 se inicia o
período para que os países
americanos façam suas propostas de
retirada de barreiras, no âmbito da
Área de Livre Comércio das Américas. Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai decidiram apresentar uma
proposta única para comércio, idéia
que também pode ser estendida para
serviços. O Brasil também angariou
apoio dos seus parceiros de Mercosul para postergar a formulação de
suas pretensões nos setores de finanças e compras governamentais.
Independentemente de seguir ou
não em conjunto com os fundadores
do Mercosul, seria temerário o Brasil
dispor-se a discutir, de imediato, os
aspectos propriamente normativos e
extracomerciais da Alca. Isso porque
o que os EUA propõem nessa área é
basicamente a liberalização total das
regras e uma completa proteção aos
financiadores externos, que poderiam até processar, num tribunal de
seu país, um governo estrangeiro
"rebelde". As condições de implementar políticas de desenvolvimento
para um país das dimensões do Brasil (que ainda necessita desse tipo de
projeto) ficariam bastante restritas.
Dois argumentos justificam a prevalência dos debates sobre abertura
comercial. Primeiramente, nem sequer foram consolidadas as promessas da Rodada Uruguai (1994). A
agricultura, em que o Brasil é competitivo, continua sendo objeto de bilionários subsídios e de proteção tarifária e extratarifária nas nações desenvolvidas. É razoável, portanto,
que se proceda ao esgotamento do
tema comercial antes de adentrar os
controversos tópicos de finanças e
compras governamentais.
Além disso, seria prudente esperar
as definições a respeito desses temas
no âmbito da Organização Mundial
do Comércio -discussão em curso- antes de decidir seus termos na
Alca. O Brasil terá feito uma má negociação se aceitar, no acordo regional, cláusulas mais restritivas que as
acordadas nas tratativas globais.
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