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Pensar diferente
CLÓVIS ROSSI
Madri - Desorientado? Inseguro? Você não está sozinho, se serve de consolo.
Pegue, por exemplo, o caso dos Estados Unidos, incontestável paradigma
da modernidade, seja lá o que isso for.
Nos últimos 30 anos, a confiabilidade
das instituições de todos os gêneros
despencou aos olhos do público.
Em 1964, 75% dos americanos achavam que o governo fazia a coisa certa
a maior parte do tempo. Nos anos
mais recentes, só de 25% a 30% têm
idêntico ponto de vista.
Vale o mesmo para universidades,
grandes companhias, medicina e, claro, jornalismo.
São dados mencionados em recente
artigo de Joseph Nye Jr., reitor da Escola de Governo John F. Kennedy, da
Universidade Harvard, para "The International Herald Tribune".
Parte da explicação pode estar no
fato de que governantes e acadêmicos
estão, a rigor, tão perplexos quanto os
mortais comuns.
Acabaram, quase todos, rendendo-se à globalização e aos mercados,
como se fosse uma inevitabilidade
idêntica ao fato de que o sol nasce todos os dias, gostemos ou não.
Menos mal que há gente pensando o
contrário, mesmo em templos acadêmicos em que o liberalismo fincou raízes profundas.
Caso mais recente: Dani Rodrik,
professor da mesma Kennedy School
de Harvard, para quem a abertura da
economia não é essencial para o crescimento econômico. Tende, ao contrário, a aprofundar a desigualdade entre países e, como a crise em andamento prova, deixar os países em desenvolvimento mais vulneráveis a
choques financeiros.
Conselho de Rodrik aos governantes:
"Não deixem a integração econômica
internacional dominar seus pensamentos sobre o desenvolvimento".
Como a tribo tupiniquim se fascina
com PhDs em universidades americanas, podia ao menos parar para pensar um pouco no que estão dizendo
PhDs com uma visão diferente.
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