São Paulo, segunda-feira, 07 de março de 2011 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O diálogo Brasil-EUA DIEGO Z. BONOMO
De acordo com dados apresentados pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), Brasil e Estados Unidos possuem, hoje, extensa rede de diálogo, composta por 24 mecanismos bilaterais. O expressivo número demonstra a amplitude das relações entre os dois países e sua existência deve ser vista como patrimônio institucional relevante e importante evolução na relação bilateral. A moderna rede de mecanismos de diálogo, criada no governo FHC e ampliada e consolidada no início do governo Lula, cumpre três funções. Primeiro, permite a troca de informações entre os dois governos no que diz respeito a políticas públicas -inclusive política externa. Segundo, cria a possibilidade de coordenação de iniciativas entre Brasil e EUA, seja em temas de política doméstica, seja em áreas e fóruns de política internacional. Terceiro, resulta no estabelecimento de contatos entre as diversas burocracias dos dois países, ampliando a confiança entre tomadores de decisão e promovendo a resolução de disputas e tensões. De todos os mecanismos, um dos mais inovadores é o programa de intercâmbio Brasil-EUA, negociado no âmbito do "Mutual Educational and Cultural Exchange Act". A lei norte-americana permite que qualquer país estabeleça com os EUA programa de intercâmbio para que funcionários públicos possam fazer visitas ao país parceiro a convite de seu governo. O programa é particularmente relevante por ser o único instrumento disponível para que congressistas e assessores parlamentares norte-americanos possam viajar a outro país custeados por governo estrangeiro. Ele também é inovador porque estabelece competência compartilhada na execução das visitas, que podem ser organizadas pelo MRE e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). Assim, é possível criar sinergias entre as duas instituições: o MRE, por meio da Embaixada do Brasil em Washington, está mais bem posicionado para identificar os principais tomadores de decisão nos EUA, assim como questões relevantes na agenda bilateral; já a Apex dispõe de recursos financeiros para a execução das visitas e de ampla rede de relacionamento com o setor privado brasileiro. Desde o segundo semestre de 2010, MRE e Apex já organizaram duas importantes visitas de funcionários do governo norte-americano, que reuniram quase duas dezenas de assessores de deputados e senadores influentes em temas de interesse do Brasil, como agricultura, comércio, energia e segurança. Ao permitir que funcionários do governo norte-americano conheçam a complexa realidade política, econômica e social brasileira, o programa atualiza percepções, combate a desinformação, desarma preconceitos e contribui para a defesa dos interesses brasileiros. A definitiva incorporação desse instrumento na estratégia brasileira de relacionamento com os Estados Unidos deve ser consolidada no governo Dilma. DIEGO ZANCAN BONOMO é diretor-executivo da Brazil Industries Coalition (BIC), entidade de representação de empresas e associações empresariais brasileiras em Washington, nos Estados Unidos. Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Marcos Bosi Ferraz: A evidência e a esperança na saúde Próximo Texto: Painel do Leitor Índice | Comunicar Erros |
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