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HORA DE ESCOLHER
Dólar e risco-país em queda,
títulos da dívida externa em alta. Esses movimentos positivos na
seara financeira ganharam velocidade na semana passada. O dólar fechou a semana na cotação mais baixa desde setembro do ano passado, e
o risco-país situou-se no seu menor
nível desde maio de 2002.
Esse alívio, reflexo da retomada do
crédito externo, é bem-vindo. É cedo
para afirmar que as autoridades econômicas brasileiras já se encontram
numa posição confortável, pois, excluídos os empréstimos do FMI, as
reservas de divisas do Banco Central
ainda se situam nas proximidades de
US$ 15 bilhões, um valor muito baixo. Mas evidentemente aumentou o
raio de manobra das autoridades,
que se mantinha muito pequeno
desde meados do ano passado,
quando eclodiu a crise de confiança
na capacidade do país de honrar suas
obrigações externas.
Supondo que o relaxamento do
garrote financeiro externo vá se aprofundar, nas próximas semanas as
autoridades poderão optar entre dois
caminhos: privilegiar a redução da
inflação para cumprir a meta de limitá-la a 8,5% em 2003 ou, alternativamente, dar prioridade à preservação
do ajuste das contas externas e estimular a reativação da economia.
A disjuntiva entre os dois caminhos
passa pelas decisões a respeito da taxa de juros básica. Mantê-la no seu
altíssimo nível atual preservaria o
forte estímulo à entrada de dólares e,
portanto, contribuiria para uma queda adicional, possivelmente brusca,
do dólar. Com o dólar baixando para
a faixa de R$ 2,80, e permanecendo
nesse patamar, talvez o mercado deixasse de considerar inviável o cumprimento da meta de inflação.
É muito duvidoso, porém, que o
saldo comercial prossiga em alta
após tamanha revalorização do real.
Como essa alta tem sido central para
a recuperação da credibilidade externa do país, a sua reversão poderia interromper a onda de otimismo.
Além disso, a manutenção dos juros altíssimos tenderia a asfixiar a demanda interna, que já está em queda.
Mais prudente, portanto, seria aproveitar a volta do crédito externo para
começar a cortar os juros.
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