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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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HORA DE ESCOLHER

Dólar e risco-país em queda, títulos da dívida externa em alta. Esses movimentos positivos na seara financeira ganharam velocidade na semana passada. O dólar fechou a semana na cotação mais baixa desde setembro do ano passado, e o risco-país situou-se no seu menor nível desde maio de 2002.
Esse alívio, reflexo da retomada do crédito externo, é bem-vindo. É cedo para afirmar que as autoridades econômicas brasileiras já se encontram numa posição confortável, pois, excluídos os empréstimos do FMI, as reservas de divisas do Banco Central ainda se situam nas proximidades de US$ 15 bilhões, um valor muito baixo. Mas evidentemente aumentou o raio de manobra das autoridades, que se mantinha muito pequeno desde meados do ano passado, quando eclodiu a crise de confiança na capacidade do país de honrar suas obrigações externas.
Supondo que o relaxamento do garrote financeiro externo vá se aprofundar, nas próximas semanas as autoridades poderão optar entre dois caminhos: privilegiar a redução da inflação para cumprir a meta de limitá-la a 8,5% em 2003 ou, alternativamente, dar prioridade à preservação do ajuste das contas externas e estimular a reativação da economia.
A disjuntiva entre os dois caminhos passa pelas decisões a respeito da taxa de juros básica. Mantê-la no seu altíssimo nível atual preservaria o forte estímulo à entrada de dólares e, portanto, contribuiria para uma queda adicional, possivelmente brusca, do dólar. Com o dólar baixando para a faixa de R$ 2,80, e permanecendo nesse patamar, talvez o mercado deixasse de considerar inviável o cumprimento da meta de inflação.
É muito duvidoso, porém, que o saldo comercial prossiga em alta após tamanha revalorização do real. Como essa alta tem sido central para a recuperação da credibilidade externa do país, a sua reversão poderia interromper a onda de otimismo.
Além disso, a manutenção dos juros altíssimos tenderia a asfixiar a demanda interna, que já está em queda. Mais prudente, portanto, seria aproveitar a volta do crédito externo para começar a cortar os juros.



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