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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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CARLOS HEITOR CONY

A dança inacabada

RIO DE JANEIRO - O PT nasceu, cresceu e chegou ao poder pregando reformas, lutando por reformas. A agrária, a fiscal, a previdenciária, a urbana, a partidária. Tem agora elementos poderosos, toda a estrutura de um Estado gigantesco, para promover pelo menos uma delas.
A mais importante, a meu ver, seria a agrária, inclusive por questão de antiguidade. E seria o verdadeiro ponto de partida para combater a fome e, de quebra, diminuir a escandalosa distribuição de renda que nos coloca entre os países mais atrasados do mundo.
Mas todas as demais são também necessárias e urgentes. A partidária, que poderia parecer a mais descartável, começa a ser feita às avessas, não por uma legislação eleitoral responsável e moderna, mas pelos próprios interessados, naquela famosa base ensinada por Lampedusa: mudar para continuar o mesmo.
Vários partidos, nascidos dos escombros da Arena e do MDB, já mudaram de programa, de nome e até de bandeira. O último a aderir à modernidade do novo milênio, mas sem nenhuma esperança de durar mil anos, foi o partido do Maluf, que recolheu os pedaços mais consistentes da antiga Arena.
Na outra ponta da corda, e com mais presteza, o velho Partidão foi o primeiro a mudar o nome, como um transexual que decide mudar de sexo legal e fisiologicamente.
O PDT nunca deixou de suspirar para ser o tradicional PTB, o mais desfigurado dos partidos pré-64. O Prona nem nome decente de partido é, parece nome desses genéricos que o Serra colocou no mercado. O PMDB consegue a proeza de ser situação e oposição conforme as circunstâncias. E o PFL, que sempre esteve no poder, mais cedo ou mais tarde mudará de nome para não enxovalhar a antiga sigla, que sempre frequentou os andares de cima da política nacional.



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