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O ADUBO DA SAFRA DE CPIs
Ociosa que estava de CPIs, parece
que a Assembléia Legislativa de São
Paulo pretende sair de seu tradicional limbo letárgico para investigar a
Telefônica, empresa que motivou o
maior número de queixas públicas
dos consumidores paulistas no ano
passado. Mas o mais importante não
é o aparente sinal de vida da Assembléia, mas o objeto de seu inquérito.
Embora fermente no Legislativo
paulista, trata-se de mais uma tentativa de investigar estranhezas em feitos e ações ligadas ao governo federal, safra de inquéritos adubada por
certa desordem na coalizão governista. Os partidos coligados, ou partes
deles, parecem repensar o adesismo
de sempre, necessidade posta pelo
fato de o governo em que se penduraram estar fraco, apesar de ter ainda
três anos de mandato.
Enquanto não se decidem, espicaçam esse governo com ameaças de
inquéritos. Desse modo, acumulam
moeda de troca ou se distanciam um
pouco da peste da impopularidade.
Agora, pois, parece ser um tanto
menos difícil atirar no governo federal -veja-se a promissora CPI dos
bancos. Colabora ainda para a relativa debilidade federal a desmoralização provocada pelo acúmulo de esqueletos suspeitos no armário, que
descem mesmo ao nível de abusos
vulgares, como o Carnaval subsidiado do ministro Clóvis Carvalho.
Até agora, tais tentativas de inquérito foram infrutíferas, envenenadas
desde o nascedouro pela pressão do
Planalto e pela conivência do Parlamento governista. Nos tempos da
bonança do Real, o consenso da popularidade artificialmente supervalorizada minou investigações como a
do Sivam, da pasta rosa e dos votos
comprados da emenda da reeleição,
para ficar em alguns casos apenas.
No momento, vale mais aos parlamentares tripudiar um pouco sobre
um governo abalado por erros econômicos e pela mania sistemática de
desconversar sobre escândalos evidentes. É um modo tortuoso e algo
lamentável de lançar um pouco de
luz sobre os negócios da República.
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