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A cartada de Abbas
ATÉ AQUI , Mahmoud Abbas,
o presidente palestino,
mostrou-se um líder indeciso e fraco. Agora, entretanto,
ele tem um plano que poderá
mudar essa imagem. Ontem estendeu até o fim de semana o
prazo para que o Hamas concorde em subscrever o "documento
dos prisioneiros", pelo qual a organização terrorista reconheceria o direito de Israel à existência. Caso o Hamas mantenha sua
decisão de não assinar o texto,
Abbas levaria a questão a referendo popular, e sua aprovação
seria muito provável.
O "documento dos prisioneiros" foi elaborado por Marwan
Barghouti e outras lideranças
palestinas, tanto do Fatah (grupo de Abbas) como do Hamas,
presas em Israel. O texto propõe
a criação de um Estado palestino
nos limites estabelecidos pelas
fronteiras de 1967 e o ingresso do
Hamas na OLP (Organização para a Libertação da Palestina)
-ambas as disposições implicam o reconhecimento de Israel.
As tensões entre Abbas e o Hamas se acirraram depois que o
grupo terrorista venceu as eleições de janeiro e formou um novo governo. Como resposta, Israel deixou de repassar fundos à
Autoridade Nacional Palestina
(ANP), que também teve cortada
a ajuda financeira que recebia
dos EUA e da União Européia.
Embora o Hamas tenha vencido o Fatah de Abbas por larga
margem, observadores dão como
quase certa a aprovação do "documento dos prisioneiros" em
referendo. O triunfo do Hamas
em janeiro foi mais um repúdio
da população à corrupta e ineficiente administração do Fatah
do que um endosso às posições
anti-Israel do grupo extremista.
O referendo não tem força legal para obrigar o Hamas a reconhecer o Estado judeu, mas seria, certamente, uma vitória política para Abbas. Tratando-se, porém, do Oriente Médio, existem
chances de tudo dar errado.
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