São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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CLÓVIS ROSSI

O que você faria?

BRUXELAS - O jornal belga "Le Soir" puxou ontem para o alto de sua capa uma tremenda dúvida existencial: "Um jornal como o nosso deve ainda cobrir um evento como a Volta da França, supostamente uma das competições esportivas mais importantes do mundo?" Razão da dúvida: "Não abusamos de nossos leitores ao relatar extensa e profundamente os feitos (?) dos corredores que, um ano depois, caem como moscas, suspeitos ou comprovadamente dopados?" Fico imaginando se outras redações de outras latitudes forem tomadas por dúvidas parecidas. Os jornais brasileiros continuariam a cobrir os eventos políticos, também supostamente muito importantes (teoricamente mais que a Volta da França)? Para que, se dia após dia se suspeita ou se comprova que grande número das pessoas que são notícia tem mais problemas com a polícia do que com a política? As redações norte-americanas poderiam ser tentadas a abandonar seus cadernos de negócios, depois da seqüência de escândalos com as Enron da vida. Em geral, cadernos de negócios relatam extensa e profundamente os feitos (?) das empresas. Não obstante, um certo número delas cai como moscas, suspeitas ou comprovadamente dopadoras (dos outros, não raro no setor público). Até o orgulhoso "White House Press Corps", o pessoal que cobre a Casa Branca, dormiria mal, ao saber relatou uma porção de mentiras como as armas de destruição em massa que o Iraque não tinha ou os vínculos que não havia entre Saddam Hussein e Al Qaeda. A decisão de "Le Soir" foi continuar cobrindo a Volta da França. Explica um editorial de Thierry Fiorilli, um dos chefes de Redação: "Seguir a Volta de bem perto é como melhor podemos impedir que ela saia da rota". Sensatez ou escapismo? crossi uol.com.br


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