São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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A GRANDE MENTIRA

Agora é oficial: as armas de destruição em massa que serviram de pretexto para a invasão do Iraque ordenada por George W. Bush já não existiam 12 anos antes de os EUA lançarem a primeira bomba sobre Bagdá. Não se trata de mais uma acusação eleitoreira do Partido Democrata, mas do relatório final de uma missão de inspetores norte-americanos e britânicos nomeada pelo próprio governo dos EUA.
Durante 15 meses, mais de 1.200 investigadores indicados por órgãos como a CIA (serviço secreto norte-americano) reviraram o Iraque em busca de sinais de armas proibidas. O atual chefe dos inspetores, Charles Duelfer, acaba de divulgar seu relatório final com mais de 900 páginas, nas quais afirma que Saddam Hussein começou a se livrar de suas armas químicas logo após a derrota na Guerra do Golfo em 1991. De lá até a invasão, o país havia perdido sensivelmente sua capacidade nessa área. O texto de Duelfer sugere que Saddam pretendia retomar a produção após o fim das sanções que a ONU impunha ao Iraque, mas que Bagdá de maneira nenhuma representava uma ameaça iminente.
As conclusões do relatório são, portanto, diametralmente opostas ao que o presidente Bush e seus aliados alegavam antes da invasão, tendo chegado a armar um teatro na sede da ONU para tentar provar ao mundo que Saddam mantinha grandes arsenais de armas químicas e biológicas e estava prestes a adquirir capacidade nuclear.
O presidente Bush e seu escudeiro britânico Tony Blair viram ruir uma a uma todas as razões que alegaram para a iniciar uma guerra sem o apoio das Nações Unidas. As armas de destruição em massa simplesmente não existiam, assim como não era real a relação entre Saddam e a rede terrorista Al Qaeda. Pior, a intervenção militar, que deveria levar aos iraquianos paz, democracia e respeito aos direitos humanos, vai degenerando numa guerra civil para a qual não se vislumbra um fim.


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