São Paulo, sábado, 07 de dezembro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

O banqueiro central petista

BRASÍLIA - O processo de escolha do presidente do Banco Central no governo Lula é demorado por causa de um obstáculo prático. Há poucos nomes disponíveis que preencham os requisitos exigidos pelo PT.
Tem de ser alguém do mercado. Tem de ter prestígio. Precisa ser tão habilidoso como Armínio Fraga, mas não pode ser tão "estrela" quanto ele. É conveniente também que seja bem rico, resolvido financeiramente, para não ser acusado de ter-se sentado na cadeira com o objetivo de prevaricar.
Finalmente, o banqueiro central petista tem de estar preparado para receber um salário pequeno, trabalhar muito e resignar-se ao fato de que será alvo de dezenas de ações do Ministério Público. Como se observa, não é fácil encontrar uma pessoa com todas essas qualificações.
Ontem, ao relatar o andamento da procura, Antônio Palocci declarou à cúpula petista que a escolha estava bem encaminhada. Logo o nome poderá ser conhecido.
A descrição de Palocci está apenas parcialmente correta. De fato, está tudo encaminhado. Mas o PT gostaria que tivesse sido mais fácil. A equipe de ministros de Lula só não foi anunciada ainda porque o presidente do Banco Central não foi escolhido. As outras pendências no ministério são quase desprezíveis -acomodar algumas tendências petistas e dar um cargo para o PTB.
Vários cotados para o cargo de presidente do BC que apareceram na mídia não foram convidados porque trabalharam nesse sentido. Seus nomes vazavam e eram publicados. Os próprios citados se encarregavam de espalhar que não tinham interesse. Evitaram assim o constrangimento de ter de dizer "não" para algum alto dirigente petista.
É didática para o PT a dificuldade em encontrar um presidente para o BC. O partido um dia classificou Armínio Fraga de "a raposa cuidando do galinheiro". Hoje, procura alguém parecido e quase ninguém aceita.


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