São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2008

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CARLOS HEITOR CONY

Ainda a Operação Condor

RIO DE JANEIRO - Em artigo que escrevi para a Ilustrada, na última sexta-feira, relembrei o pouco que sabia sobre a Operação Condor, que voltou ao noticiário por conta do pedido de extradição de alguns brasileiros feito por juiz italiano.
O pedido do magistrado é baseado em fatos reais, mas daí não acredito que o Brasil deva atendê-lo. Além da prescrição dos crimes, a Lei da Anistia é para ser cumprida.
A fase de punição, por conseguinte, está encerrada. Nem por isso os fatos devem continuar em sigilo de Estado. Pelo contrário, precisam ser revelados integralmente, para que a nação fique sabendo o que ocorreu nos subterrâneos do regime militar.
Prometida pelo governo, a liberação dos documentos secretos da ditadura ainda não se concretizou. Repito: a revelação não deve implicar em punições, a não ser a punição histórica que não está prescrita nem sob proteção da anistia.
No caso específico da Operação Condor, muita lama ainda virá a público. Em 2002, pesquisando as circunstâncias da morte de João Goulart, que estava no exílio, primeiramente no Uruguai, depois na Argentina, entrevistei com Anna Lee, co-autora de livro "O beijo da Morte" (Objetiva, 2003), um ex-agente do serviço secreto uruguaio, Mário Neira Barreiro, preso em Charqueadas (RS), em prisão de segurança máxima.
Oficialmente, ele estava detido por tentativa de roubo de carro, na realidade, estava sendo protegido, tratava-se de um arquivo que precisava ser queimado. Daí a segurança máxima em guardá-lo.
Mário Neira rastreou o exilado brasileiro até a cidade de Mercedes, onde Jango morreria. Deu o sinal verde para a última noite do ex-presidente.


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