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CARLOS HEITOR CONY
Ainda a Operação Condor
RIO DE JANEIRO - Em artigo que
escrevi para a Ilustrada, na última
sexta-feira, relembrei o pouco que
sabia sobre a Operação Condor,
que voltou ao noticiário por conta
do pedido de extradição de alguns
brasileiros feito por juiz italiano.
O pedido do magistrado é baseado em fatos reais, mas daí não acredito que o Brasil deva atendê-lo.
Além da prescrição dos crimes, a
Lei da Anistia é para ser cumprida.
A fase de punição, por conseguinte, está encerrada. Nem por isso os
fatos devem continuar em sigilo de
Estado. Pelo contrário, precisam
ser revelados integralmente, para
que a nação fique sabendo o que
ocorreu nos subterrâneos do regime militar.
Prometida pelo governo, a liberação dos documentos secretos da ditadura ainda não se concretizou.
Repito: a revelação não deve implicar em punições, a não ser a punição histórica que não está prescrita
nem sob proteção da anistia.
No caso específico da Operação
Condor, muita lama ainda virá a
público. Em 2002, pesquisando as
circunstâncias da morte de João
Goulart, que estava no exílio, primeiramente no Uruguai, depois na
Argentina, entrevistei com Anna
Lee, co-autora de livro "O beijo da
Morte" (Objetiva, 2003), um ex-agente do serviço secreto uruguaio,
Mário Neira Barreiro, preso em
Charqueadas (RS), em prisão de segurança máxima.
Oficialmente, ele estava detido
por tentativa de roubo de carro, na
realidade, estava sendo protegido,
tratava-se de um arquivo que precisava ser queimado. Daí a segurança
máxima em guardá-lo.
Mário Neira rastreou o exilado
brasileiro até a cidade de Mercedes,
onde Jango morreria. Deu o sinal
verde para a última noite do ex-presidente.
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