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DE PÉSSIMO A MEDÍOCRE
Foi atribulada , incompleta e
ainda está muito longe do desejado a reação do Congresso àquela
que foi uma de suas piores crises na
história recente. Ainda assim, o mínimo de disposição de cortar na própria pele demonstrada por deputados federais e senadores deve ter ajudado a recuperar um pouco a imagem da instituição perante o eleitorado. A pesquisa Datafolha publicada
ontem se harmoniza com essa percepção.
A taxa de aprovação do Congresso
voltou ao nível em que estava antes
de o ex-deputado Roberto Jefferson
(PTB-RJ) acusar o governo Lula de
pagar a deputados em troca de votos.
Em junho do ano passado, quando
eclodiu o escândalo, 36% consideravam ruim ou péssimo o desempenho do Parlamento. O descrédito
atingiu seu auge em agosto, quando
Severino Cavalcanti (PP-PE), acusado
de cobrar propina de um dono de
restaurante, ainda presidia a Câmara: 48% de desaprovação.
Depois disso, algumas ações dos
parlamentares começaram a responder aos anseios do público por decência. Severino renunciou; Jefferson e o ex-ministro José Dirceu foram cassados; os congressistas aboliram o pagamento de salários adicionais nas convocações extraordinárias e reduziram seu recesso anual
de 90 para 55 dias. A má avaliação do
Congresso recuou, no Datafolha de
1º e 2 de fevereiro, para 33%.
Ainda é um nível de aprovação
muito ruim. Os que consideram a
atuação dos parlamentares ótima ou
boa são apenas 16%. Basta lembrar
que, antes de os atuais deputados e
senadores tomarem posse, em dezembro de 2002, a expectativa de
57% da população era a de que seu
desempenho seria ótimo ou bom.
Para diminuir esse enorme sentimento de frustração popular, a alternativa do Congresso é continuar depurando-se dos maus hábitos e dos
maus políticos. A Câmara dará mostras de ter entendido esse imperativo
se cassar o mandato de todos os envolvidos no "valerioduto" nas votações que se avizinham.
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