São Paulo, quarta-feira, 08 de fevereiro de 2006

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DE PÉSSIMO A MEDÍOCRE

Foi atribulada , incompleta e ainda está muito longe do desejado a reação do Congresso àquela que foi uma de suas piores crises na história recente. Ainda assim, o mínimo de disposição de cortar na própria pele demonstrada por deputados federais e senadores deve ter ajudado a recuperar um pouco a imagem da instituição perante o eleitorado. A pesquisa Datafolha publicada ontem se harmoniza com essa percepção.
A taxa de aprovação do Congresso voltou ao nível em que estava antes de o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) acusar o governo Lula de pagar a deputados em troca de votos.
Em junho do ano passado, quando eclodiu o escândalo, 36% consideravam ruim ou péssimo o desempenho do Parlamento. O descrédito atingiu seu auge em agosto, quando Severino Cavalcanti (PP-PE), acusado de cobrar propina de um dono de restaurante, ainda presidia a Câmara: 48% de desaprovação.
Depois disso, algumas ações dos parlamentares começaram a responder aos anseios do público por decência. Severino renunciou; Jefferson e o ex-ministro José Dirceu foram cassados; os congressistas aboliram o pagamento de salários adicionais nas convocações extraordinárias e reduziram seu recesso anual de 90 para 55 dias. A má avaliação do Congresso recuou, no Datafolha de 1º e 2 de fevereiro, para 33%.
Ainda é um nível de aprovação muito ruim. Os que consideram a atuação dos parlamentares ótima ou boa são apenas 16%. Basta lembrar que, antes de os atuais deputados e senadores tomarem posse, em dezembro de 2002, a expectativa de 57% da população era a de que seu desempenho seria ótimo ou bom.
Para diminuir esse enorme sentimento de frustração popular, a alternativa do Congresso é continuar depurando-se dos maus hábitos e dos maus políticos. A Câmara dará mostras de ter entendido esse imperativo se cassar o mandato de todos os envolvidos no "valerioduto" nas votações que se avizinham.


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