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REGIONAIS CORROMPIDAS
Os casos de corrupção que estão
sendo investigados nas administrações regionais da cidade de São Paulo
são do gênero em que, quanto mais
se procura, mais se encontra. A leva
de prisões e afastamentos de funcionários acusados de achacar contribuintes, ou de acobertar malfeitos,
principiou por Pinheiros, chegou à
Penha e já está na Sé. Até vereadores,
notórios beneficiários do loteamento
dessas repartições públicas, não têm
mais como fingir que o assunto não é
com eles.
Alguns se esforçam, é verdade, ao
menos para erguer uma cortina de
fumaça. É o seu modo pusilânime e
sub-reptício de fugir à responsabilidade. Em face do fisiologismo abjeto
que corrói a administração municipal, a qual teriam por obrigação fiscalizar, apostam na confusão.
Foi assim que, surgida uma proposta de instalar CPI na Câmara Municipal para examinar os escândalos,
certos vereadores se retiraram acintosamente do plenário na quinta-feira, com o propósito aparente de negar quórum à votação. Concentrados
na bancada que apóia o prefeito Celso Pitta, ou da qual este depende, eles
argumentam que seu propósito não
seria bombardear uma CPI, mas sim
recusar a proposta tal como fora
apresentada pela oposição.
A argumentação soa suspeita, desde logo, porque os vereadores da situação alardeiam a intenção de dar à
sua CPI um escopo desmesurado: investigar as administrações regionais
durante os últimos 20 anos. Se não
implicasse ingenuidade rematada,
seria o caso de perguntar: com indícios de desmandos ao longo de duas
décadas, por que não se mobilizaram
para combatê-los nos anos passados? Tamanha abrangência, qualquer pessoa de bom senso pode ver, é
a maneira mais segura de inviabilizar
resultados consequentes.
É inaceitável que São Paulo seja submetida a mostra tão flagrante de
oportunismo político. Amanhã, a
questão voltará ao plenário da Câmara. Infelizmente, não há indícios de
que, ainda desta vez, a cidade vá presenciar a ação de um Legislativo à altura de seus problemas e desafios.
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