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NOTA INFELIZ
É saudável o fato de o Partido
dos Trabalhadores estar preocupado em preservar o que resta de
seu "capital ético e político", como
revela nota da agremiação govenista
emitida na sexta-feira. Pretender, no
entanto, que a dilapidação desse patrimônio deve-se a uma campanha
sistemática, orquestrada por setores
da oposição e da mídia, é uma tentativa primária da direção petista de
eximir seus correligionários dos
ônus e das responsabilidades de
quem governa.
Não é necessário ensinar os militantes do PT que cabe à oposição
contrapor-se à situação. Essa é uma
atividade para a qual o partido sempre demonstrou notável aptidão. Capaz, como poucos, de instrumentalizar ações de movimentos sociais e
orquestrá-las com suas estratégias
parlamentares, a militância petista
freqüentemente levou ao paroxismo
as pressões sobre os governos que
enfrentava.
Seu rico repertório oposicionista,
como o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva já admitiu, não dispensava nem mesmo o recurso da
"bravata" na pregação de medidas
extremadas, como o rompimento
com o Fundo Monetário Internacional e a moratória da dívida pública.
Tampouco deixaram os luminares
do partido de se valer da pluralidade
de opiniões que a mídia expressa para expor seus então contundentes
pontos de vista -hoje cada vez mais
diluídos pelo exercício convencional
do poder. Não deixa de ser inquietante que a legenda do governo, cujo
ímpeto para "aparelhar" estruturas
públicas causa apreensão, volte-se
contra a mídia justamente no momento em que ela desempenha seu
trabalho fiscalizador e investigativo,
publicando fatos -como os do caso
Waldomiro Diniz- e estimulando o
debate nacional.
Seria mais proveitoso se o PT, em
vez de procurar bodes expiatórios,
procedesse a uma reflexão interna
com vistas a entender as razões que
têm levado o governo a sofrer seguidos desgastes em áreas tão distintas
quanto a política ambiental e o combate à fome.
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