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CARLOS HEITOR CONY
O papa no Brasil
RIO DE JANEIRO - A pretexto de
canonizar o primeiro santo brasileiro, o papa chega amanhã para
presidir uma reunião com o episcopado da América Latina e do Caribe, a região do planeta que conta
com maior número de católicos nominativos, não exatamente de católicos praticantes.
Para colocar frei Galvão na galeria dos santos, ele não precisaria vir
ao Brasil, poderia fazê-lo em Roma,
onde geralmente é proclamada a
santidade de alguém que passou pela vida fazendo o bem.
A mídia acredita que a vinda de
Bento 16 seja uma estratégia para
deter o crescimento de seitas evangélicas, que são numerosas e diversificadas, tendo como base uma visão do cristianismo que transfere
para este mundo as promessas de
salvação e libertação do povo de
Deus.
Os diversos ramos evangélicos
originários de uma nova interpretação dos textos bíblicos iniciada por
Lutero, em tempos de púlpito eletrônico continuam tendo milhões
de adeptos, sobretudo em países socialmente subdesenvolvidos.
Estruturada há 2.000 anos numa
base doutrinária, a Igreja Católica
considera-se depositária dos ensinamentos que marcaram a civilização ocidental. Cultiva uma visão
transcendental do ser humano,
destinado à vida espiritual no projeto de um Deus único.
Ela não despreza o lado carismático de sua missão, mas não o explora como panacéia para os males sociais e individuais da condição humana. É criticada por isso e perdeu
milhares de cristãos que procuram
consolação ou cura para problemas
que vão do desemprego ao vício das
drogas, das doenças às desavenças
profissionais ou familiares.
Reunindo-se com os bispos da região mais pobre do ocidente, o papa
não está interessado em aumentar
o número de fiéis, mas a qualidade
realmente cristã dos católicos.
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