São Paulo, quinta-feira, 08 de junho de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Depois do MLST, o TSE

BRASÍLIA - O Congresso está muito fraco, e todo mundo tira sua casquinha. Ou cascona.
Na terça, o violento MLST invade a pedradas. Na quarta, o TSE muda profundamente as regras, a dias das convenções partidárias e a menos de quatro meses das eleições.
A decisão do ministro Marco Aurélio de Mello de aprofundar a verticalização, vetando coligações regionais de partidos que não tenham coligações nacionais, significa que partido "solto" (sem candidato) não pode se aliar a nenhum outro. Praticamente pára tudo.
Só não muda o principal, que é o favoritismo de Lula. E mudanças, quaisquer que sejam elas, costumam beneficiar os candidatos favoritos. Partidos e políticos sempre dão um jeito de pular em quem tem mais chances de vitória.
A recíproca é verdadeira: se as decisões beneficiam favoritos, tendem a prejudicar quem não é. Ontem, Alckmin corria o sério risco de perder o decisivo apoio do PFL. A cúpula (leia-se Bornhausen) considerando um ato de traição abandonar o PSDB agora; os pragmáticos (disseminados) contabilizando perdas e ganhos e tentados a ficar "soltos", sem amarras.
Como resultado de somas e divisões, eis que PMDB e PFL têm coligações fechadas ou prováveis em pelo menos 12 Estados. Pendurados em Lula, um, e em Alckmin, outro, perderiam essa chance. Soltos nacionalmente, reforçariam seus projetos regionais. E, depois, com o governo eleito, cada um se viraria em Brasília como bem quisesse.
Faz sentido, mas ninguém sabe ainda o grau de devastação do tsunami soprado por Marco Aurélio, que perguntou ao PFL sobre a repercussão no Congresso. O pefelista Agripino Maia respondeu: "Terrível". E o ministro: "Pior do que o quebra-quebra da Câmara".
O MLST sabia o que fazia. O ministro do TSE também.

@ - elianec@uol.com.br


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