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MISSÃO IMPOSSÍVEL
Com seu espaço aéreo fechado,
protegido por caças e helicópteros, a capital tomada por soldados
e uma série de atentados que deixaram mais de dez mortos, Álvaro Uribe Vélez tomou posse ontem como
presidente da Colômbia. O aparato
de segurança dá a medida do desafio
do novo mandatário: restabelecer a
paz no país assolado por uma combinação explosiva e única de guerrilhas esquerdistas, narcotráfico e grupos paramilitares de direita.
Reverter essa situação é imperativo.
Infelizmente, a tentativa de negociação com as Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia) fracassou por culpa da guerrilha, que
não teve a maturidade para abandonar as armas e transformar-se num
partido político. O colapso do processo de paz e a frustração dele resultante foram decisivos para a eleição
de Uribe e sua promessa de "mão dura" contra o terror.
É uma política que inspira preocupações. Uribe dá indícios de que se
prepara para a guerra total. Fala em
organizar 1 milhão de civis para
combater os grupos armados e promete dobrar o efetivo militar. Retoricamente, afirma que vai combater
tanto a guerrilha esquerdista quanto
os paramilitares de direita. Mas muitos analistas duvidam dessa intenção. Uribe é próximo demais dos círculos paramilitares. Há quem acredite que ele prepara uma anistia para
esses grupos. Nesse caso, há até o
risco de que as divisões que levaram
o país à guerra civil se aprofundem.
Para completar esse quadro, o novo
presidente colombiano recebe uma
economia em frangalhos, como a de
quase toda a América do Sul. Recentes dificuldades cambiais se somam
a um endividamento externo que
chega perto de 70% do PIB. Uribe
tem a seu lado a disposição dos EUA
de auxiliar financeira e militarmente
a guerra contra o narcotráfico. Se isso vai bastar é uma incógnita.
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