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São Paulo, sexta-feira, 08 de agosto de 2003

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MARCELO BERABA

Um futuro para a imprensa

RIO DE JANEIRO - Quando "O Globo" foi lançado, em 1925, o Rio, então capital da República, tinha 27 jornais diários. Dois já se destacavam e assim permaneceriam nas décadas seguintes: o "Jornal do Brasil", fundado em 1891 já em bases empresariais e que dominava o mercado de classificados, e o "Correio da Manhã", fundado em 1901 e principal trincheira de resistência ao longo de vários regimes autoritários.
Em São Paulo, onde a liderança era de "O Estado de S. Paulo" (nascido "A Província de S. Paulo" em 1875), foi lançado, naquele mesmo 1925, a "Folha da Manhã", mais tarde Folha de S.Paulo.
Estava, assim, desenhado, na década de 20, o esboço do que mais tarde, a partir da década de 70, se convencionou chamar de grande imprensa: "JB" e "O Globo", no Rio; "Estado" e Folha, em São Paulo.
Nestes quase 80 anos, a imprensa se modernizou e viveu, como outros setores da economia, o fenômeno da concentração. Vários impérios e diversos títulos de prestígio se desmancharam no ar. Marinho assistiu ao ocaso de grandes grupos concorrentes, como os Associados, de Assis Chateaubriand, a Manchete, de Adolfo Bloch, o "Correio da Manhã" e o "Jornal do Brasil".
Sua morte ocorre num momento difícil para as Organizações Globo e para toda a indústria jornalística, que sofre com as quedas de leitura e audiência e está perigosamente endividada. A crise financeira sem precedentes provocou um furacão nas Redações, com demissões e cortes de investimentos que afetam a qualidade dos produtos.
A grande questão é saber se é uma crise conjuntural e, portanto, passageira, ou se é estrutural, ou seja, mais profunda do que podemos divisar e pode afetar a essência do jornalismo, a credibilidade.


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