|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MARCELO BERABA
Um futuro para a imprensa
RIO DE JANEIRO - Quando "O Globo" foi lançado, em 1925, o Rio, então
capital da República, tinha 27 jornais
diários. Dois já se destacavam e assim permaneceriam nas décadas seguintes: o "Jornal do Brasil", fundado
em 1891 já em bases empresariais e
que dominava o mercado de classificados, e o "Correio da Manhã", fundado em 1901 e principal trincheira
de resistência ao longo de vários regimes autoritários.
Em São Paulo, onde a liderança era
de "O Estado de S. Paulo" (nascido
"A Província de S. Paulo" em 1875),
foi lançado, naquele mesmo 1925, a
"Folha da Manhã", mais tarde Folha
de S.Paulo.
Estava, assim, desenhado, na década de 20, o esboço do que mais tarde,
a partir da década de 70, se convencionou chamar de grande imprensa:
"JB" e "O Globo", no Rio; "Estado" e
Folha, em São Paulo.
Nestes quase 80 anos, a imprensa se
modernizou e viveu, como outros setores da economia, o fenômeno da
concentração. Vários impérios e diversos títulos de prestígio se desmancharam no ar. Marinho assistiu ao
ocaso de grandes grupos concorrentes, como os Associados, de Assis Chateaubriand, a Manchete, de Adolfo
Bloch, o "Correio da Manhã" e o
"Jornal do Brasil".
Sua morte ocorre num momento
difícil para as Organizações Globo e
para toda a indústria jornalística,
que sofre com as quedas de leitura e
audiência e está perigosamente endividada. A crise financeira sem precedentes provocou um furacão nas Redações, com demissões e cortes de investimentos que afetam a qualidade
dos produtos.
A grande questão é saber se é uma
crise conjuntural e, portanto, passageira, ou se é estrutural, ou seja, mais
profunda do que podemos divisar e
pode afetar a essência do jornalismo,
a credibilidade.
Texto Anterior: Brasília - Eliane Cantanhêde: A luta continua? Próximo Texto: José Sarney: Quando quarta-feira chegar Índice
|