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PLANO PLURIANUAL
Muitas vezes elaborados
com base em premissas excessivamente otimistas ou simplesmente irrealistas, os planos governamentais acabam por consumir meses de trabalho para desfrutar de algum brilho na ocasião de seu lançamento, sendo rapidamente esquecidos. O ministro do Planejamento,
Guido Mantega, tem procurado assegurar que não será esse o destino
do Plano Plurianual 2004-2007, enviado recentemente ao Congresso.
O PPA traz valores, indica metas e
estabelece prioridades de investimento. Investir é exatamente o que o
país precisa caso pretenda que o
crescimento econômico não ocorra,
mais uma vez, com base apenas no
consumo, esbarrando nos conhecidos gargalos de infra-estrutura e nos
limites da capacidade produtiva. De
fato, a economia está a exigir melhores perspectivas nas áreas de energia
elétrica, transportes e armazenagem,
além de expansão em setores como
química, eletrônica e siderurgia, sem
o que as chances do desenvolvimento sustentado serão reduzidas.
O PPA prevê investimentos de quase R$ 300 bilhões nos próximos quatro anos. Eles viriam de companhias
estatais, do Orçamento da União, de
fontes de financiamento público, da
iniciativa privada e de parcerias -cujo modelo ainda está em definição.
Há um componente incerto de "futurologia" nesses números, já que
não há como o governo efetivamente
prever o que estará ocorrendo nos
próximos anos numa economia instável como a brasileira.
Nada disso, porém, deve servir para que simplesmente não haja planejamento. Historicamente, a coordenação dos investimentos na economia brasileira foi efetuada de forma
relativamente planejada, com base
nas empresas estatais, que se antecipavam à demanda. Com a privatização, esse mecanismo perdeu-se.
Para que se restabeleça algum tipo
de coordenação planejada, no entanto, será preciso que metas, ações e recursos previstos sejam permanentemente acompanhados e avaliados.
Caso contrário, o PPA será mais um
desses inúteis rituais de governo.
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