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IDÉIA ESTÚPIDA
Num perverso conluio do burocratismo com a insensibilidade, o governo federal submeteu
uma legião de idosos a um constrangimento cruel e desnecessário. No
que talvez tenha sido a pior gafe do
atual governo até aqui, o Ministério
da Previdência chegou a suspender o
pagamento de todas as aposentadorias e pensões destinadas a idosos
com mais de 90 anos ou que recebessem o benefício há mais de 30 anos.
Não se contesta, é claro, o dever do
governo de combater fraudes. Calcula-se que, dos 105 mil aposentadorias
supostamente pagas a pessoas com
mais de 90 anos, 30 mil estejam irregulares. Um recadastramento é, de
fato, necessário. Mas é preciso ter
perdido o contato com a realidade
para determinar que milhares de
pessoas com mais de 90 anos fiquem
com o ônus de provar que existem.
Não é necessária especialização em
gerontologia para perceber que muitos dos aposentados nonagenários
devem ser sozinhos e podem apresentar dificuldades de locomoção
bem como problemas de saúde. É
desumano pretender submetê-los a
esse procedimento.
E o detalhe absurdo é o governo ter
chegado a suspender o pagamento
dos benefícios. Os aposentados em
idade avançada não podem ser responsabilizado pelas fraudes. Chegar
a cogitar de cortar-lhes a aposentadoria -o dinheiro com o qual se alimentam, compram remédios etc.-,
foi um toque extra de crueldade.
Felizmente, o governo reverteu a
decisão e agora considera um recadastramento mais longo, sem a suspensão dos benefícios. O ministro
da Previdência, Ricardo Berzoini, depois de relutar um pouco, teve a coragem de admitir o erro e pedir desculpas à população. Menos mal.
É preciso agora que se promova
um recadastramento inteligente que
não sacrifique os nonagenários. O
país deve respeito a seus idosos.
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