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ELIANE CANTANHÊDE
Mais uma no buraco
BRASÍLIA - Durante muitos anos,
o Brasil conviveu, na prática, com
um monopólio na aviação civil: a
Varig teve 100% do mercado internacional e em torno de 75% do doméstico, mandava e desmandava
no governo e não tomou providências para se sanear nos primeiros sinais amarelos nem nos sinais vermelhos. Enfim, tudo explodiu.
Lá se foram a velha Varig, a Vasp,
a Transbrasil e agora a BRA, que pode até dizer o contrário, mas não
tem condições de voltar a voar. Antes, tem de somar dívida e conviver
com as imagens e declarações dos
65 mil passageiros que lesou.
E é assim que o Brasil sai de um
longo monopólio para um "duopólio" na aviação civil, justamente
quando a economia está estabilizada, com tendência de crescimento e
com a classe média juntando suas
economias para voar por aí. A conjunção de crise na oferta e aumento
de demanda dá nisso. E vira um
caos, quando é apenas uma parte de
um complexo problema.
Companhias aéreas são concessões públicas especiais, que envolvem fortunas e mexem com segurança. E aí entra a responsabilidade
do Estado, dos governos.
Se o antigo DAC (Departamento
de Aviação Civil, vinculado à FAB)
fosse mais independente, e a Anac
não fosse amadora, para dizer o mínimo, deveriam ter competência
para fiscalizar também a situação
financeira das companhias aéreas.
Poderiam, assim, evitar perdas para
o próprio governo, para os fornecedores e principalmente para os
usuários. Sem contar que empresas
endividadas, numa área sensível assim, são também perigosas.
A regra que começou a ser discutida, mas parou no meio da bagunça
geral, deveria ser a seguinte: empresa com patrimônio líquido negativo
não pode voar. Ou se conserta em
seis meses, ou perde a concessão.
Mas isso é para país e para agências
sérias. Há controvérsias se é ou não
o caso do Brasil. E, com certeza, não
é o da Anac.
elianec@uol.com.br
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