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VINICIUS TORRES FREIRE
Calma dentro do governo
SÃO PAULO - Em julho do ano passado, a gente discutia o "caos social".
Quem ainda se lembra do "caos social"? Os nativos estavam inquietos
(como diziam os buanas dos filmes
do Tarzã): o MST invadiu mais terra
que de costume, farrapos politizados
marcharam em ruas que apenas ricos e esmoleres freqüentam.
Logo o "caos social" de julho se foi,
sem recado e sem bilhete, assim como
o frio do inverno paulistano, que é
pouco e ora não dura mais de 15 dias
(faz uns 30 anos, de manhã cedinho a
água chegava a congelar no canto de
pára-brisas e janelas).
Vieram as cheias, a crise do "fogo
amigo" no governo, a volta da "polêmica desenvolvimentistas vs. monetaristas", boato de queda de Henrique Meirelles. As enchentes passarão
em março, no ano que vem os pobres
serão afogados outra vez e, até lá, haveremos de ouvir mais tolice e de nos
ocupar de crises inexistentes.
Quem conversava com Dirceu e Palocci lá por março de 2003 ouvia deles
discursos quase idênticos sobre a
agenda do governo, cumprida como
previsto pelos dois. Não parece diferente agora. É o que se depreende de
conversas com gente no governo.
O comitê central lulista, Palocci,
Dirceu e Gushiken, está calmo, afora
rusgas de vaidades, desejos de abiscoitar algo do poder do próximo, fissuras em relações de resto amistosas,
devidas ao desgaste do convívio próximo no poder. Lulistas candidatos
estão incomodados. Houve fofocas
no mercado (bidu. E daí?)
O comitê central acha que lá por
maio, junho a economia estará melhorzinha, calando aliados mais inquietos. Lula não gosta mesmo de
certos secretários, mas nada sério.
Palocci e Meirelles só balançam, e
olhe lá, se o país crescer bem menos
que os 3,5% prometidos. Chato que
Lula tenha escanteado a lei da autonomia do BC, mas, quem sabe, não se
discute isso no ano que vem?
A calma no governo pode dar nos
nervos de quem não gosta do que vê
na política e na economia. Mas que
parece bem haver calma, parece.
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