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ELIANE CANTANHÊDE
Quem manda, quem obedece
BRASÍLIA - O braço direito de Lula, Gilberto Carvalho, teve um pico
de pressão, passou mal e levou dois
dias fazendo exames em São Paulo.
Resultado: estresse. Voltou a Brasília com duas receitas: remédio para
dormir (vive com insônia) e ordem
para se exercitar.
Os homens de Lula balançaram e
caíram um atrás do outro no primeiro mandato, mas Carvalho
manteve-se firme, forte e sobretudo discreto. Mais leal a Lula do que
às suas ambições ou ao PT -ao contrário, por exemplo, de Dirceu.
O documentário "Entreatos", sobre o dia-a-dia da campanha de Lula em 2002, surpreende pela inversão de papéis. Em público, Dirceu,
Gushiken e Palocci exalavam proximidade com Lula. Na intimidade
flagrada por João Moreira Salles,
nenhum deles estava mais perto do
futuro presidente do que Carvalho.
E quem vê o dia-a-dia do Planalto
sabe que isso não mudou. Se mudou
foi para aprofundar a relação e a importância de Gilberto Carvalho.
Antes, apenas secretário e amigo.
Hoje, uma voz ouvida.
A lembrança ao seu nome é por
causa da "rateada" de saúde e dos
encontros de hoje e de amanhã em
Salvador pelos 27 anos do PT. O
partido se contorce em disputas, líderes, tendências e teses, mas Lula
continua inatingível. Há os homens
de Lula e os homens do PT. E nem
sempre eles se confundem.
Carvalho é de Lula, mas Cândido
Vaccarezza, por exemplo, é do PT,
de Dirceu, que está ressuscitando, e
de Marta Suplicy, quase imposição
do partido ao governo. Vaccarezza,
decisivo para a vitória de Arlindo
Chinaglia, é uma das estrelas em ascensão no partido e tenta exigir
mais espaço e mais influência no
governo. Não fala sozinho.
Salvador, com seu calor e seus encantos, é um bom cenário para o PT
e Lula discutirem a relação. O partido sempre tenta falar grosso, mas,
mais uma vez, Lula vai levar todos
no papo. Gilberto está do lado certo
-o de quem tem o poder.
elianec@uol.com.br
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