São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2007

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ELIANE CANTANHÊDE

Quem manda, quem obedece

BRASÍLIA - O braço direito de Lula, Gilberto Carvalho, teve um pico de pressão, passou mal e levou dois dias fazendo exames em São Paulo. Resultado: estresse. Voltou a Brasília com duas receitas: remédio para dormir (vive com insônia) e ordem para se exercitar.
Os homens de Lula balançaram e caíram um atrás do outro no primeiro mandato, mas Carvalho manteve-se firme, forte e sobretudo discreto. Mais leal a Lula do que às suas ambições ou ao PT -ao contrário, por exemplo, de Dirceu.
O documentário "Entreatos", sobre o dia-a-dia da campanha de Lula em 2002, surpreende pela inversão de papéis. Em público, Dirceu, Gushiken e Palocci exalavam proximidade com Lula. Na intimidade flagrada por João Moreira Salles, nenhum deles estava mais perto do futuro presidente do que Carvalho.
E quem vê o dia-a-dia do Planalto sabe que isso não mudou. Se mudou foi para aprofundar a relação e a importância de Gilberto Carvalho.
Antes, apenas secretário e amigo. Hoje, uma voz ouvida.
A lembrança ao seu nome é por causa da "rateada" de saúde e dos encontros de hoje e de amanhã em Salvador pelos 27 anos do PT. O partido se contorce em disputas, líderes, tendências e teses, mas Lula continua inatingível. Há os homens de Lula e os homens do PT. E nem sempre eles se confundem.
Carvalho é de Lula, mas Cândido Vaccarezza, por exemplo, é do PT, de Dirceu, que está ressuscitando, e de Marta Suplicy, quase imposição do partido ao governo. Vaccarezza, decisivo para a vitória de Arlindo Chinaglia, é uma das estrelas em ascensão no partido e tenta exigir mais espaço e mais influência no governo. Não fala sozinho.
Salvador, com seu calor e seus encantos, é um bom cenário para o PT e Lula discutirem a relação. O partido sempre tenta falar grosso, mas, mais uma vez, Lula vai levar todos no papo. Gilberto está do lado certo -o de quem tem o poder.


elianec@uol.com.br

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