UOL




São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLÓVIS ROSSI

Mais polêmica à frente

SÃO PAULO - Sem querer, a equipe da Fazenda pode ter preparado um novo motivo para mal-estar com os petistas mais ortodoxos: fez um estudo no qual prova que há uma "relação positiva" entre acordos de livre comércio e a redução do risco-país.
A informação é de Otaviano Canuto, assessor internacional do Ministério da Fazenda que tem um rico histórico acadêmico de acompanhamento de temas internacionais.
O estudo analisou os casos de México, Rússia e Chile e verificou que a liberalização do comércio, ao levar a um aumento da corrente de comércio (importações mais exportações), influenciou no "rating" dos países.
Canuto faz questão de ressalvar que o estudo não significa que a Fazenda queira apressar ou influir pesadamente nas negociações que o governo brasileiro vem fazendo em torno da Área de Livre Comércio das Américas, com a União Européia ou no âmbito mais geral, o da Organização Mundial do Comércio.
"É apenas um dos fatores a levar em conta nesse processo", diz o assessor do ministro Palocci.
De onde tende a vir a encrenca? No PT e em ONGs ligadas ou simpáticas ao partido, há fortes dúvidas de que o livre comércio seja assim tão benéfico a qualquer país. Dúvida ainda maior quando a negociação é com parceiros tão poderosos como EUA e União Européia (leia-se, a propósito, artigo de Paulo Nogueira Batista Jr. publicado na Folha de quinta-feira).
Mesmo entre setores que são francamente favoráveis ao aumento da "corrente de comércio", o desejo explícito é o de que ele se dê por um aumento maior das exportações do que das importações, cenário irrelevante no estudo feito pela Fazenda.
O estudo deveria analisar o custo/ benefício de áreas de livre comércio como as que o Brasil negocia. Mas, "no que tange ao efeito sobre o risco-país, só tem benefício", diz Canuto.
Não é tese fácil de ser vendida no PT ou mesmo no empresariado. A conferir.


Texto Anterior: Editoriais: CRISE DE LIDERANÇA

Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Zero a zero
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.