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NELSON MOTTA
Duas damas e três patetas
PARIS - É bem provável que no
ano que vem, pela primeira vez,
uma mulher seja eleita presidente
da França. Ségolène Royal, 53 anos,
ex-ministra da Educação e do Meio
Ambiente, ex-deputada, atual governadora de uma importante região, é uma socialista moderna, como a chilena Michelle Bachelet.
Madame Royal é uma mulher
discretamente bonita e elegante,
dura e eficiente, mas com um olhar
e uma ação orientados pela compaixão e a solidariedade, com ênfase na
mulher, nos jovens e na família.
Expoente mais visível do que está
sendo chamado de "deuxième gauche", provocou grande polêmica ao
dizer que a semana de 35 horas, histórica conquista dos sindicatos no
governo socialista, não funcionou e
deve ser flexibilizada: porque não
está ajudando o emprego -e nem
os empregadores.
Ao contrário da "nova direita" de
Margaret Thatcher, viril, autoritária e belicosa, a "nova esquerda" feminina, de Bachelet e Royal, traz
esperança, tolerância e novidade ao
debate político e ao futuro de seus
países. Agora Ségolène vai visitar
Michelle em Santiago e trocar
receitas.
Enquanto isso, em Caracas, vestidos com trajes indígenas e aquelas
incríveis toucas andinas que cobrem as orelhas, tipo "Pateta", Hugo Chávez, Evo Morales e o vice-presidente de Cuba aplaudem a
inauguração de um estúdio de cinema destinado a "acabar com a ditadura de Hollywood", assim como a
Rede Sur foi criada para acabar com
a CNN e contar "a verdade" aos hermanos. Chávez é machão e mal-educado, chama Bush de assassino
e genocida, mas continua vendendo
petróleo, cada vez mais caro, para o
"inimigo". E, apesar do populismo
assistencialista, a pobreza na Venezuela só aumenta.
Mas ainda há quem desconfie de
mulheres no poder. E acredite nos
três patetas.
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