São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

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NELSON MOTTA

Duas damas e três patetas

PARIS - É bem provável que no ano que vem, pela primeira vez, uma mulher seja eleita presidente da França. Ségolène Royal, 53 anos, ex-ministra da Educação e do Meio Ambiente, ex-deputada, atual governadora de uma importante região, é uma socialista moderna, como a chilena Michelle Bachelet.
Madame Royal é uma mulher discretamente bonita e elegante, dura e eficiente, mas com um olhar e uma ação orientados pela compaixão e a solidariedade, com ênfase na mulher, nos jovens e na família.
Expoente mais visível do que está sendo chamado de "deuxième gauche", provocou grande polêmica ao dizer que a semana de 35 horas, histórica conquista dos sindicatos no governo socialista, não funcionou e deve ser flexibilizada: porque não está ajudando o emprego -e nem os empregadores.
Ao contrário da "nova direita" de Margaret Thatcher, viril, autoritária e belicosa, a "nova esquerda" feminina, de Bachelet e Royal, traz esperança, tolerância e novidade ao debate político e ao futuro de seus países. Agora Ségolène vai visitar Michelle em Santiago e trocar receitas.
Enquanto isso, em Caracas, vestidos com trajes indígenas e aquelas incríveis toucas andinas que cobrem as orelhas, tipo "Pateta", Hugo Chávez, Evo Morales e o vice-presidente de Cuba aplaudem a inauguração de um estúdio de cinema destinado a "acabar com a ditadura de Hollywood", assim como a Rede Sur foi criada para acabar com a CNN e contar "a verdade" aos hermanos. Chávez é machão e mal-educado, chama Bush de assassino e genocida, mas continua vendendo petróleo, cada vez mais caro, para o "inimigo". E, apesar do populismo assistencialista, a pobreza na Venezuela só aumenta.
Mas ainda há quem desconfie de mulheres no poder. E acredite nos três patetas.


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