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Ecos de Honduras
É preciso que Honduras se reintegre à Organização dos Estados
Americanos. Sua participação na
entidade foi suspensa desde a expulsão ilegal do país, por militares, do então presidente Manuel
Zelaya, em junho de 2009.
A reversão da medida chancelaria, afinal, a única saída legítima e
aceitável encontrada para a longa
crise que se seguiu. Ela veio na forma de votos, com o processo eleitoral responsável por conduzir ao
poder, no final do ano passado, o
atual mandatário, Porfirio Lobo.
As diplomacias de diversos países latino-americanos, Itamaraty
à frente, têm resistido a essa solução. Não reconhecem o atual governo hondurenho. Já haviam rejeitado o pleito negociado pelos
EUA, por não aceitarem que o processo fosse conduzido pelas mesmas forças que depuseram Zelaya.
Embora a posição dos governos
da região se baseasse em princípios defensáveis, ela terminou por
fechar os olhos para a situação política real de Honduras -e poderia
ter conduzido a um impasse ainda
mais duradouro e contraproducente, não fosse pela intervenção
norte-americana.
Novo impasse parece agora se
desenhar na própria OEA. Os EUA
pedem a reintegração imediata de
Tegucigalpa à organização continental. A maioria dos países sul-americanos impõe condições para
aceitar o retorno.
Insistem em novas garantias
para que Zelaya possa retornar a
Honduras. Mas o próprio mandatário deposto teme fazê-lo -diz
não confiar nos juízes "golpistas"
que poderiam condená-lo por
acusações de atos de corrupção
durante seu governo.
Aferrar-se ao ex-presidente parece ser, mais uma vez, o melhor
caminho para não avançar. Ao
mesmo tempo, é de se reconhecer
que nem tudo foi resolvido com a
eleição do novo governo. A Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, ligada à OEA, tem chamado atenção para assassinatos e
sequestros de ativistas contrários
à deposição de Zelaya -e juízes
que se opuseram a sua expulsão
do país se viram destituídos.
Parece oportuna, nesse cenário,
a proposta do presidente da entidade, José Miguel Insulza, de criar
uma comissão independente para
avaliar a situação política de Honduras e encaminhar a reintegração do país à OEA.
Poderia servir como foro para
negociar com o governo Lobo
compromissos com valores democráticos em contrapartida à reintegração política do país ao continente -conclusão dessa crise que
já consumiu tempo em demasia.
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