|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Poesia sempre
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - Especial o nš 8 da
revista "Poesia Sempre", publicada
pela Biblioteca Nacional e pelo Departamento Nacional do Livro, com
apoio da Funarte. É um volume cuidadosamente editado por Antônio
Carlos Secchin e Ivan Junqueira, com
projeto gráfico de Victor Burton, reproduções de Chagall e, tendo como
diferencial, traduções em hebraico de
quatro de nossos grandes poetas.
Drummond, Bandeira, Cecília Meireles e João Cabral comparecem em
versões produzidas por um grupo de
professores da USP sob a coordenação
de Nancy Rozenchan. Quando da
criação de Israel, em 1948, discutiu-se
qual a língua seria adotada oficialmente pelo novo Estado. Alguns defendiam o iídiche, idioma falado pela
maioria dos emigrantes que chegavam
da Europa. Prevaleceu o critério histórico e moral: o iídiche era a língua da
diáspora. O hebraico continha a essência mesma da alma judia, era a
língua do Livro.
Temos agora nossos maiores poetas
vertidos para a língua que deu à humanidade dois de seus maiores poemas: o "Cântico dos Cânticos" e os
"Salmos".
Destaca-se, também, o bem fundamentado ensaio sobre a poesia hebraica, de Bialik aos dias de hoje, assinado
por Dan Miron, professor das universidades de Colúmbia e Jerusalém.
Uma breve antologia revela ao público brasileiro, entre outros, poetas como Yehuda Amichai, potencial Prêmio Nobel. São autores universais sem
deixarem de ser profundamente judaicos.
Elementar justiça me obriga a destacar a iniciativa de Eduardo Portella e
Elmer Corrêa Barbosa, que contou
com o apoio de Abrahão Koogan, patriarca de nosso mundo editorial.
Houve época em que os organismos estatais tendiam a concorrer com as editoras na pescagem e aproveitamento
de produtos de mercado.
"Poesia Sempre" revela uma estratégia editorial que deve prevalecer, colocando-se o dinheiro oficial a serviço
da divulgação cultural não contemplada pelo comércio.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|