São Paulo, segunda-feira, 09 de setembro de 2002

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EDITORIAIS

TRABALHO NA CRISE

O mercado de trabalho reflete a crise de confiança que se instalou na economia brasileira nos últimos dois meses. Predominam notícias sobre planos de demissões voluntárias, férias coletivas e cortes de vagas. Em muitas empresas, as demissões ocorrem às dezenas e mesmo às centenas de uma só vez.
Os indicadores econômicos, no entanto, revelam um quadro menos grave. Tanto nos dados do IBGE, válidos para seis regiões metropolitanas brasileiras, quanto nos da pesquisa da Fundação Seade e do Dieese, esta sobre a Região Metropolitana de São Paulo, surgiram sinais nos últimos meses, ainda que tímidos, de alguma recuperação.
No caso da Região Metropolitana de São Paulo, os dados mais recentes referem-se ainda a julho, antes portanto da turbulência cambial mais acentuada. Eles revelam que, pelo terceiro mês consecutivo, houve decréscimo da taxa de desemprego total (de 18,8% em junho para 18,1% da população economicamente ativa).
No período, houve aumento de 1,3% na ocupação (com a geração de 98 mil postos de trabalho, ainda na Região Metropolitana de São Paulo).
Os dados positivos refletiram contratações em todos os setores, sempre pelo setor privado.
Algum alívio, portanto, houve, ainda que num contexto de dificuldades inegáveis. Afinal, observadas contra um horizonte de tempo mais longo, as estatísticas continuam desapontando. Em relação a julho de 2001, aumentou em 4,6% a taxa de desemprego na aferição Seade/Dieese.
A melhoria relativa e circunstancial registrada nas pesquisas, no entanto, é um contraponto aos cenários mais sombrios que muitos vinham antecipando para a economia brasileira. A certa altura, houve quem prenunciasse uma ruptura, um colapso, uma nova crise econômica e social.
A situação é grave, e as más notícias predominam. Mas a inércia e a própria dinâmica do mercado informal, além do ajuste relativamente rápido dos setores exportadores, confirmam que a economia brasileira, mesmo em crise, pode surpreender.


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