|
Próximo Texto | Índice
EDITORIAIS
TRABALHO NA CRISE
O mercado de trabalho reflete
a crise de confiança que se instalou na economia brasileira nos últimos dois meses. Predominam notícias sobre planos de demissões voluntárias, férias coletivas e cortes de
vagas. Em muitas empresas, as demissões ocorrem às dezenas e mesmo às centenas de uma só vez.
Os indicadores econômicos, no entanto, revelam um quadro menos
grave. Tanto nos dados do IBGE, válidos para seis regiões metropolitanas brasileiras, quanto nos da pesquisa da Fundação Seade e do Dieese, esta sobre a Região Metropolitana
de São Paulo, surgiram sinais nos últimos meses, ainda que tímidos, de
alguma recuperação.
No caso da Região Metropolitana
de São Paulo, os dados mais recentes
referem-se ainda a julho, antes portanto da turbulência cambial mais
acentuada. Eles revelam que, pelo
terceiro mês consecutivo, houve decréscimo da taxa de desemprego total (de 18,8% em junho para 18,1% da
população economicamente ativa).
No período, houve aumento de
1,3% na ocupação (com a geração de
98 mil postos de trabalho, ainda na
Região Metropolitana de São Paulo).
Os dados positivos refletiram contratações em todos os setores, sempre pelo setor privado.
Algum alívio, portanto, houve, ainda que num contexto de dificuldades
inegáveis. Afinal, observadas contra
um horizonte de tempo mais longo,
as estatísticas continuam desapontando. Em relação a julho de 2001,
aumentou em 4,6% a taxa de desemprego na aferição Seade/Dieese.
A melhoria relativa e circunstancial
registrada nas pesquisas, no entanto, é um contraponto aos cenários
mais sombrios que muitos vinham
antecipando para a economia brasileira. A certa altura, houve quem prenunciasse uma ruptura, um colapso,
uma nova crise econômica e social.
A situação é grave, e as más notícias
predominam. Mas a inércia e a própria dinâmica do mercado informal,
além do ajuste relativamente rápido
dos setores exportadores, confirmam que a economia brasileira,
mesmo em crise, pode surpreender.
Próximo Texto: Editoriais: ARMAS À SOLTA Índice
|