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As filas da educação
DESDE 2007 , a gestão de Gilberto Kassab (DEM) na
capital paulista exige que
entidades com as quais mantém
convênio transfiram suas vagas
da pré-escola (4 a 6 anos) para as
creches (0 a 3 anos). Ao longo de
dois anos, a prática retirou 17 mil
matrículas da pré-escola, ampliando a fila de espera para 28,5
mil crianças. Faltam vagas em 92
dos 96 distritos da cidade.
Evidenciou-se na gestão municipal o que popularmente se chama de "cobertor curto". Kassab
sacrificou o ensino fundamental,
mas conseguiu diminuir o deficit
nas creches -há dois anos, eram
160 mil crianças na fila por uma
vaga nessas instituições; hoje são
87 mil, cifra ainda gigantesca.
O orçamento municipal não é
capaz de custear a solução simultânea das inúmeras deficiências
da capital. Contudo, se a educação infantil tornou-se, corretamente, prioridade de Kassab, teria sido preferível buscar os recursos em outras áreas, como
por exemplo o transporte municipal, setor em que o subsídio para as empresas vem aumentado,
a fim de manter a tarifa de ônibus congelada desde 2006.
Universalizar o acesso ao ensino nos primeiros anos de vida
tem se revelado, de acordo com
reiterados estudos especializados, uma política importante para diminuir a desigualdade de
oportunidades entre ricos e pobres que se revelará bem mais
tarde, no mercado de trabalho. É
mais fácil corrigir deficiências
cognitivas, em geral associadas a
fatores socioeconômicos e familiares, nas idades mais tenras.
Agora a prefeitura anuncia a
criação de 142 novas unidades de
pré-escolas, o que implicaria redução da fila e diminuição de
alunos por sala. O prefeito Kassab, assim, lança outra promessa
ambiciosa. Resta acompanhar o
restante do mandato na expectativa de que cumpra o prometido
-sem sacrificar outros setores
de alta prioridade.
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