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BONS E MAUS SINAIS
Apesar de ter registrado queda de 0,5% na produção industrial brasileira de outubro em relação
a setembro, a Pesquisa Industrial
Mensal, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz alguns dados positivos. A comparação com setembro
deve ser relativizada, já que naquele
mês fatores conjunturais contribuíram para uma alta inesperada do setor, de 5,7% em São Paulo (que representa cerca de 45% da produção)
e de 4,2% na média nacional.
Note-se que em outubro, na comparação com o mesmo mês de 2002,
houve crescimento de 1,1% da indústria. Além do desempenho favorável
na produção de tratores, fertilizantes
e aparelhos de televisão, merece ser
observado o comportamento dos
bens de capital (máquinas e equipamentos), com elevação de 3,8% em
relação a setembro e 6,9% sobre outubro do ano passado.
Certamente os dados poderiam ter
sido melhores, não fosse a "mão pesada" das autoridades em relação à
política de juros. Eles não deixam de
confirmar, porém, a perspectiva de
que em 2004 a economia vá experimentar uma recuperação cíclica.
Perduram, no entanto, as incógnitas sobre a solidez do crescimento
dentro dos limites da atual política
econômica que, essencialmente,
preserva os parâmetros da que lhe
antecedeu. O padrão de comportamento que decorre de sua aplicação
tem sido ilustrado por economistas
com o auxílio de duas imagens:
"stop and go" e "vôo da galinha".
Até aqui, obcecada pelas metas de
inflação e ofuscada por sinais do
mercado financeiro internacional, a
política econômica precisará agora
enfrentar os desafios que se colocam
para a retomada do desenvolvimento
e do emprego. É indispensável transitar para uma situação de juros civilizados, aumento de investimentos e
expansão da infra-estrutura.
Da mesma forma, será preciso insistir na redução da vulnerabilidade
externa, com mais reservas e maior
volume de comércio externo, preservando-se as condições para a obtenção de saldos comerciais elevados.
Caso contrário, serão bastante grandes os riscos de que a esperada recuperação de 2004 termine em novo e
frustrante quadro de crise.
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