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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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BONS E MAUS SINAIS

Apesar de ter registrado queda de 0,5% na produção industrial brasileira de outubro em relação a setembro, a Pesquisa Industrial Mensal, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz alguns dados positivos. A comparação com setembro deve ser relativizada, já que naquele mês fatores conjunturais contribuíram para uma alta inesperada do setor, de 5,7% em São Paulo (que representa cerca de 45% da produção) e de 4,2% na média nacional.
Note-se que em outubro, na comparação com o mesmo mês de 2002, houve crescimento de 1,1% da indústria. Além do desempenho favorável na produção de tratores, fertilizantes e aparelhos de televisão, merece ser observado o comportamento dos bens de capital (máquinas e equipamentos), com elevação de 3,8% em relação a setembro e 6,9% sobre outubro do ano passado.
Certamente os dados poderiam ter sido melhores, não fosse a "mão pesada" das autoridades em relação à política de juros. Eles não deixam de confirmar, porém, a perspectiva de que em 2004 a economia vá experimentar uma recuperação cíclica.
Perduram, no entanto, as incógnitas sobre a solidez do crescimento dentro dos limites da atual política econômica que, essencialmente, preserva os parâmetros da que lhe antecedeu. O padrão de comportamento que decorre de sua aplicação tem sido ilustrado por economistas com o auxílio de duas imagens: "stop and go" e "vôo da galinha".
Até aqui, obcecada pelas metas de inflação e ofuscada por sinais do mercado financeiro internacional, a política econômica precisará agora enfrentar os desafios que se colocam para a retomada do desenvolvimento e do emprego. É indispensável transitar para uma situação de juros civilizados, aumento de investimentos e expansão da infra-estrutura.
Da mesma forma, será preciso insistir na redução da vulnerabilidade externa, com mais reservas e maior volume de comércio externo, preservando-se as condições para a obtenção de saldos comerciais elevados. Caso contrário, serão bastante grandes os riscos de que a esperada recuperação de 2004 termine em novo e frustrante quadro de crise.


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