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Velhos conhecidos
Esfaceladas as diferenças partidárias tradicionais, mais do que nunca as campanhas políticas "fulanizaram-se"
SÃO AINDA indefinidos, a
julgar pela pesquisa do
Datafolha hoje publicada,
os rumos da sucessão municipal em São Paulo. Nenhum
nome emerge com favoritismo
inquestionável por enquanto, e
os que se destacam são os beneficiados, no passado ou no presente, por elevado grau de exposição
pública.
O ex-governador Geraldo
Alckmin obtém 26% das preferências do eleitor, quatro pontos
abaixo do verificado na última
pesquisa. A ex-prefeita Marta
Suplicy vai de 24% a 25% entre
os dois levantamentos, e o atual
prefeito, Gilberto Kassab, passa
de 10% a 13%.
A memória da campanha presidencial -onde o candidato tucano obteve 53% dos votos dos
paulistanos no primeiro turno-
é o trunfo de Geraldo Alckmin
para contrabalançar a relativa
palidez de sua presença no cenário político atual e sua debilitada
ascendência sobre a máquina
partidária.
Eis duas desvantagens que não
são compartilhadas por seus
principais rivais. No PT, o crescimento da influência de Marta
Suplicy pôde ser registrado nas
últimas eleições para a direção
nacional, quando seu grupo foi o
segundo mais votado. Nome praticamente desconhecido da população há poucos anos, Kassab
tem sua visibilidade assegurada
pelo cargo que ocupa.
A disputa pela prefeitura ainda
se mantém em compasso de espera, aglomerando numa faixa
estreita os que, se fosse cabível
usar a linguagem dos antigos filmes policiais, constituem os
"suspeitos de sempre". Mais que
indagar sobre o quanto esse quadro ainda há de alterar-se, valeria esclarecer outro mistério:
que propostas específicas estarão em pauta nas eleições?
No âmbito dos partidos, são
bem escassas as pistas. Enquanto isso, temas novos vão ocupando as atenções da população, para além das genéricas "prioridades" que todo candidato afirma
defender e dos alinhamentos
partidários de rotina.
Questões como as da poluição
visual, do pedágio urbano, da lei
do silêncio, das políticas com relação aos moradores de rua ou
das responsabilidades metropolitanas no aquecimento global
aparecem com freqüência nas
discussões cotidianas. Tendem a
acompanhar-se de uma carga
polêmica e doutrinária mais intensa do que as genéricas promessas de eficiência administrativa e de novas obras.
Menos vago e ilusório que o debate em torno dos nomes e dos
partidos, esse gênero de temas
mereceria entrar em pauta nas
preparações para a sucessão municipal. Partidos políticos, em tese, existem para formular programas e linhas de atuação para
seus candidatos. Parecem constituir, contudo, meras legendas
para postulantes que repetem os
mesmos clichês.
As campanhas políticas, mais
do que nunca, "fulanizaram-se".
Esfaceladas as diferenças ideológicas tradicionais, giram em torno de pessoas, numa espécie de
concurso de popularidade em
que o cidadão é convocado, obrigatoriamente, a dar seu voto,
sem muita certeza quanto ao que
de fato significa.
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