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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Fazer o bem
Nosso mundo continua cenário
de gestos de dedicação, de altruísmo e de caridade e também de
acontecimentos que amedrontam e
entristecem: sequestros, assaltos, atos
de violência e injustiças que agravam
as desigualdades sociais.
Permanece sempre mais forte o apelo do Evangelho: o mandamento do
amor. Jesus Cristo, Filho de Deus, veio
a este mundo para dar testemunho do
amor misericordioso de Deus e para
nos ensinar a fazer o bem. Expressão
maior de misericórdia é o perdão, que
nos alcançou pelo dom de sua vida, e a
força para nos corrigirmos de nossas
faltas, reconciliarmo-nos uns com os
outros e fazermos o bem, especialmente aos mais necessitados.
Precisamos acreditar na ação interior de Deus, que nos liberta do egoísmo e do pecado e nos abre para o serviço gratuito ao próximo.
Já neste mundo, o amor há de superar a miséria, a exclusão e o ódio e dinamizar a partilha e o perdão que estão na base da sociedade solidária e
fraterna.
O advento dessa sociedade marcada
pelo diálogo e pela concórdia irá acontecendo à medida que multiplicarmos
os atos de acolhimento e de doação
gratuita. Esses atos intensificam em
nós a experiência feliz de quem faz o
bem. Fica aqui o convite a todos para
que levem à frente a sua criatividade e
procurem novas formas de servir e de
promover os mais necessitados.
Há exemplos que nos inspiram e nos
ajudam a fazer o bem. Em 1993, foi
fundada por Jairo Siqueira Azevedo,
com grande confiança em Deus, a Cidade dos Meninos São Vicente de
Paula, em Ribeirão das Neves (MG).
São 1.600 internos em cem "casas-lar"
e 400 externos com excelente pedagogia e iniciação ao trabalho a escolher
entre 80 especializações. Em 1990, surgiu na cidade de São Paulo a Comunidade São Martinho, na Mooca, que
continua até hoje acolhendo durante o
dia o "povo da rua". A iniciativa multiplicou-se em outros bairros. Perto
do viaduto Bresser, atua o Arsenal da
Esperança, que abriga 1.100 adultos
em cada noite, garantindo-lhes alimentação, momentos de lazer, auxílio
para documentação, saúde e trabalho.
A obra se deve a Ernesto Olivero e aos
membros do Serviço Missionário Jovem, com sede em Turim, com a colaboração da Arquidiocese de São Paulo. Ao meio-dia, o refeitório abre as
portas para o almoço, que oferece o
"bom prato" a 1.200 pessoas por apenas R$ 1.
Existem várias outras casas em São
Paulo e em outras cidades que recebem grupos de adultos e promovem
laços de companheirismo e de amizade e a reinserção nas oportunidades
de trabalho. Sobressai o idealismo de
numerosos voluntários, que, no anonimato, fazem o bem às crianças, a
portadores de deficiência, a enfermos
e a idosos. Cabe ao governo promover
políticas públicas e soluções estruturais e apoiar as iniciativas da própria
sociedade em favor dos mais necessitados.
Às comunidades cristãs, religiosas e
beneficentes compete dar exemplo de
maior dedicação para que, em todos
esses empreendimentos, além do pão,
do agasalho e do trabalho, haja a expressão forte de quem faz o bem como
prova de amor fraterno.
Quem recebe o bem sente-se amado
e fica feliz. Que dizer, então, de quem,
ao amar, faz o outro feliz? Eis a beleza
do mandamento de Jesus. Maior a alegria de quem dá.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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