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KENNETH MAXWELL
Previsões e resultados
A PRIMEIRA primária da
campanha presidencial norte-americana em que os
eleitores efetivamente usaram o
voto secreto produziu resultados
inesperados nesta semana em New
Hampshire. Do lado democrata, o
carismático senador negro Barack
Obama, de Illinois, vinha sendo
unanimemente apontado como
vencedor. Mas, quando os votos foram contados, foi a laboriosa campanha da senadora Hillary Clinton,
de Nova York, que saiu vitoriosa
entre os eleitores do partido. Já do
lado republicano, Mitt Romney,
ex-governador de Massachusetts e
um dos candidatos mais bem financiados da campanha, sofreu
derrota incontestável diante do senador John McCain, 71, do Arizona, um dos candidatos menos endinheirados. Foi uma noite memorável na política norte-americana.
De muitas maneiras, as primárias de New Hampshire cumpriram a missão que as primárias foram criadas para realizar, quando
introduzidas, no começo do século
20, como parte do movimento progressista de reforma política:
transferir o poder de selecionar os
candidatos de volta ao povo, em um
processo transparente, tirando-o
das mãos dos chefes políticos e de
suas tramóias de bastidores. Os cidadãos de New Hampshire encaram com grande seriedade o papel
único que exercem na política dos
EUA. Muitos se mantêm independentes dos dois grandes partidos,
mas têm o direito de votar em seus
candidatos durante a primária estadual. Por isso, New Hampshire
continua a ser o local clássico para
a política "de varejo", sob a qual os
candidatos são forçados a fazer política à moda antiga: saindo às ruas
para conversar com os eleitores
reais e descobrir o que os preocupa.
Para o senador McCain, a política de varejo funcionou. Suas opiniões sobre a Guerra do Iraque e a
imigração não eram populares em
New Hampshire, mas ele declarou
às audiências que estava lá para
lhes dizer a verdade tal qual a via,
mesmo que os espectadores discordassem dele. Diante de Romney, um político oportunista, a
mensagem se provou poderosa. Os
especialistas agora estão atribuindo a notável virada conseguida por
Clinton ao "momento de emoção"
no qual ela derramou lágrimas em
um dos pequenos restaurantes característicos de New Hampshire,
demonstrando que ela também é
"humana". Na verdade, foi organização política à moda antiga que levou os eleitores democratas às urnas.
As multidões fascinadas pelo
carisma que compareceram aos comícios de Obama em largos números eram a antítese da política de
varejo ao estilo de New Hampshire. No dia da decisão, foram os velhos e confiáveis sindicalistas democratas, preocupados com a economia, bem como uma maioria das
mulheres maduras, que foram de
fato às urnas para conceder à senadora Clinton sua famosa vitória.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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