São Paulo, domingo, 10 de janeiro de 1999

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PAINEL DO LEITOR

Itamar e FHC
"Há muito não se entende a relação entre o ex-vice-presidente -e por acaso presidente- Itamar Franco e o governo federal -leia-se presidente Fernando Henrique Cardoso. O Plano Real de fato colocou ambos em destaque, mas, enquanto um perdeu-se como malandro entre carnavais, o outro teve habilidade para marcar sua presença quase como herói.
De qualquer forma, seguiram juntos até a eleição presidencial de 1994, quando FHC, ao proclamar-se pai do Real, provocou a ira pouco velada de Itamar. Não romperam nem continuaram juntos. Toleraram-se.
A moratória de Minas nada mais é que o resultado da longa política de acomodações sucessivas do tucanato federal. Impedido de candidatar-se à Presidência pelo PMDB e livre de uma oposição mais sólida por parte da cúpula tucana, Itamar Franco teve total liberdade para emplacar, ao lado de Newton Cardoso, uma candidatura populista ao governo de Minas.
Minas Gerais, infelizmente, transformou-se agora em uma trincheira de resistência onde toma fôlego uma candidatura ao Planalto. A única esperança que nos resta é acreditar que, ao menos desta vez, o governo não se mostrará vacilante e resistirá a tais chantagens -que apenas objetivam defender egos, não Estados."
Emílio Loures (São Paulo, SP)

"Finalmente um galo dá o ar de sua graça nessa mediocridade masculina que é a nação brasileira. Aí, Itamar... Finalmente um homem com coragem para enfrentar o Planalto."
Paulo Martins (Cascavel, PR)

Miséria lírica
"Ao ler a entrevista do ministro Rafael Greca, na Folha de 7/1, é impossível deixar de concordar com Joãosinho Trinta, que disse que "intelectual é que gosta de miséria'. Aliás, a conclusão do ministro sobre nossa população carente não é lírica, mas folclórica. Outro que também tem razão é Jô Soares, quando diz que "os humoristas não têm como competir com os políticos'.
É deprimente ler essas notícias, que mostram a insensatez dos nossos homens públicos. É hora de a sociedade exercer sua cidadania e exigir respeito e seriedade na abordagem dos enormes problemas que, diga-se de passagem, não foram criados por nós, e sim por eles, governantes."
Maria Cândida Leal de Menezes (São Paulo, SP)

Educação
"O ensino faz parte dos direitos humanos. Ou seja: o cidadão tem direito à escola. Pois bem, voltando um pouquinho para nosso dia-a-dia, quando a padaria não possui o leite C, deve vender o B pelo preço do que está em falta, não é mesmo? Com o ensino é a mesma coisa? Na falta da rede pública, o cidadão deveria ter direito ao ensino pago, visto que o produto em questão está em falta..."
Robert E. Hofer (Diadema, SP)

Atenção para o Rio
"Concordo que a Folha tem tudo para ser o exemplo de imprensa independente de que o país tanto precisa. Carlos Heitor Cony é ótimo e representa bem o pensamento do Rio de Janeiro, mas acho que a Folha poderia abrir mais espaço para o nosso Estado, talvez com um caderno especial, abordando política, problemas e, sobretudo, a agenda cultural de interesse dos cariocas e dos turistas que nos visitam, inclusive paulistas.
Sei que a Folha tem conquistado inúmeros leitores aqui no Rio e, com isso, creio que aumentaria sua penetração, melhorando o serviço que já nos presta."
Cibele Vrcibradic (Rio de Janeiro, RJ)

Solidariedade
"Um irmão com problemas físicos do cantor Zezé di Camargo foi sequestrado, e até agora não se viu aparecer ninguém dos direitos humanos, nem surgiram eclesiásticos e políticos de esquerda para dar apoio moral, espiritual e político aos familiares do cantor. Onde eles estão? Devem estar aguardando a polícia prender os sequestradores para aparecer e fazer a defesa dos criminosos."
Isaac Kilimnic (São Paulo, SP)

Precatórios
"Foi com satisfação que li no "Painel do Leitor' de 1/1 que alguém se preocupa com a falta de pagamento dos precatórios. Nosso advogado entrou com diversos pedidos de intervenção contra o Estado de São Paulo, mas foi tudo em vão.
O Supremo Tribunal Federal não julga os pedidos rapidamente, dando a impressão de que o governo federal tem interesse nessa situação.
Muitos colegas que faziam parte de diversos precatórios já morreram e outros tantos caminham para o mesmo fim, pois somos idosos e não temos muito tempo para esperar."
João Berbare (Praia Grande, SP)

Primeiros socorros
"Com a obrigatoriedade de ter um kit de primeiros socorros nos carros, eu resolvi montar um. Ao ler a resolução número 42, descobri que não pode fazer parte do kit água oxigenada ou mertiolate, pois o parágrafo único do artigo 2º diz: "Nenhum produto perecível ou com prazo de validade deverá fazer parte'. Entra assim a resolução em contradição, pois, por exemplo, a gaze tem prazo de validade."
Marcelo Fukuda (Curitiba, PR)

Charlatanismo
"Na edição do dia 1/1, a Folha publicou reportagens sobre tratamentos efetuados por leigos e baseados em variadas e esdrúxulas argumentações. Esses comportamentos, que não contam com nenhum respaldo científico, caracterizam verdadeiro charlatanismo e lamentavelmente estão vigorando de maneira ampla e sem coibição.
Correspondem a exercício ilegal da medicina e exigem punição efetiva, além de imediata. A saúde pública no Brasil passa no momento por fase que evidencia desestruturação e pouca eficiência. Ao lado disso têm lugar descaradamente atos de charlatães, denegrindo e maculando ainda mais as inadequações existentes. Temo que em breve alguns picaretas reivindiquem para charlatanismo, misticismo e outros vergonhosos "ismos' qualificações de especialidades médicas."
Vicente Amato Neto, infectologista (São Paulo, SP)

Cinema brasileiro
"Se a provável indicação de "Central do Brasil' ao Oscar de melhor filme estrangeiro é algo a se comemorar, não devemos nos iludir sobre a difícil situação em que se encontra o cinema brasileiro, como mostra a carreira do cineasta Denoy de Oliveira. Esse diretor, morto antes do lançamento de seu filme, é a síntese da maioria dos cineastas brasileiros: muito talento e poucas chances de produzir e exibir seus filmes."
Rogério de Moura (São Paulo, SP)

Boas-festas
A Folha agradece as mensagens de boas-festas que recebeu de: Orestes Quércia (São Paulo, SP); Rui César Melo, comandante do Policiamento de Choque (São Paulo, SP); Rubens Thomas, da TAM Transportes Aéreos Regionais S/A (São Paulo, SP); Departamento de Turismo e Esportes da Prefeitura Municipal de Guarujá (Guarujá, SP); Instituição Religiosa Perfect Liberty (São Paulo, SP); Editora Vozes Ltda. (São Paulo, SP); Família Cipolatti; Airbus Industrie (Blagnac Cecex, França); Sistema Cancella de Comunicação; Projeto Portinari; Carlos Alberto Sigiliano, da Metra - Sistema Metropolitano de Transporte (São Bernardo do Campo, SP); Adayr Mafuz Saliba, da Fundação Parque Zoológico de São Paulo (São Paulo, SP); Bárbara Corrales e Eugênia Sarah Paesani, do EP Escritório de Pesquisa Eugenia Paesani S/C Ltda.



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