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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Quem é Isabel Cristina
No dia 26 de janeiro foi aberto em
Barbacena o processo de beatificação de Isabel Cristina Mrad Campos. A 1/9/1982 seu nome apareceu
nos jornais, informando o Brasil que
uma jovem de 20 anos tinha sido, com
crueldade, assassinada em Juiz de Fora (MG). Resistiu até a morte a quem
entrara no pequeno apartamento com
intenção de violentá-la.
A notícia consternou o país e especialmente a cidade de Barbacena
(MG), onde Isabel Cristina nascera,
em 29/7/ 1962. Para preparar-se ao
vestibular de Medicina, fora morar em
Juiz de Fora, no início de 1982.
Isabel Cristina e seu irmão Roberto
tiveram infância feliz ao lado de seus
pais, José Mendes Campos e Helena
Mrad. Recebeu desde cedo a formação religiosa, aprendendo no ambiente familiar a dedicação para com os
pobres. Estudou no colégio Imaculada, das irmãs Filhas da Caridade, onde
demonstrou sua inteligência, aplicação às aulas, estima pelos professores
e bom relacionamento com todos.
Aproximava-se com afeto das companheiras mais pobres, evitando a facilidade que a melhor condição econômica de sua família podia lhe conceder.
Não chamava a atenção sobre si.
Discreta e afável, marcou colegas e
formadoras pela fidelidade com que
procurava cumprir seus deveres e, em
especial, pelo amor a Deus e pela forte
inclinação para momentos de oração.
Participava com alegria das reuniões
da juventude vicentina, que se consagra a servir aos mais necessitados. Não
raro, Isabel Cristina ajudava doentes e
idosos, dando-lhes, com carinho, alimento na boca. Esses gestos generosos, que demonstram a bondade de
seu coração, harmonizam-se com
uma vida simples e igual às das demais
jovens de seu grupo, sabendo se apresentar, como eles, na moda e nas expressões próprias da idade.
Terminado o ensino médio, com
apoio dos pais, seguiu para Juiz de Fora. Foi nessa cidade que, após os primeiros meses de estudo, sofreu o assassinato por ter com coragem resistido à solicitação. Amarrada e agredida,
levou 15 facadas.
A lembrança do sofrimento causado
por esse fato não se apagou durante
quase dois decênios. Ainda hoje, há
muitas pessoas que podem testemunhar sobre sua vida e que apresentaram o pedido para que a autoridade
eclesiástica examinasse oficialmente
suas virtudes e a coragem com que enfrentou o martírio, prova do amor e
respeito que dedicava a Deus.
O processo canônico foi instaurado,
há 15 dias, em sessão solene no Santuário de Nossa Senhora da Piedade,
em Barbacena, com grande participação de povo. Durante meses serão ouvidos os depoimentos pelo Tribunal
Eclesiástico nomeado na Arquidiocese de Mariana. Terminado o processo,
o resultado será enviado à Congregação Romana, que trata das causas de
beatificação. Enquanto aguardamos o
parecer final da legítima autoridade
podemos agradecer a Deus a vida
exemplar de Isabel Cristina, que manifesta aos jovens de hoje que a santidade é feita de fidelidade cotidiana a
Deus e na doação generosa ao próximo.
O martírio veio ratificar as atitudes
mais profundas de Isabel, que levaram
às últimas consequências seu anseio
de amar e respeitar a Deus, evitando
ofendê-lo. Sua coerência e coragem
há, sem dúvida, de levar muitos jovens
a imitá-la na santidade, vencendo as
tentações ao mal e a atração de prazeres vazios e descobrindo os verdadeiros valores que dão sentido e alegria à
vida.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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