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PRESSÕES CONTRADITÓRIAS
Há algumas semanas, diversos indicadores de preços vinham revelando que a inflação ao
consumidor estava em queda. Agora
se sabe que na cidade de São Paulo,
em particular, esse processo já foi
além: de acordo com o índice de custo de vida calculado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), o
nível médio dos preços ao consumidor caiu em fevereiro.
Embora tenha sido moderada e influenciada por fatores pontuais (como liqüidações de verão), a deflação
de 0,18% apurada pelo índice do
Dieese não deixa de ser significativa.
Ela constitui mais uma evidência de
que continua muito tímido o repasse
aos preços no varejo dos aumentos
observados no atacado. Também se
comportam bem os indicadores relativos ao câmbio e ao risco-país, vencido o período de maior nervosismo
do caso Waldomiro Diniz.
Diante desses resultados, aumentaram nos últimos dias as apostas de
que o Banco Central (BC) voltaria a
reduzir a taxa básica de juros neste
mês. Porém essas expectativas foram
rapidamente revertidas ontem, após
a divulgação de que a alta do IGP-DI
em fevereiro foi bem maior do que
esperava o mercado.
O comportamento dos preços ao
consumidor apurado pelo IGP não
destoou daquele constatado pelos
demais índices de varejo. O que respondeu pelo resultado decepcionante foi uma alta expressiva dos preços
industriais no atacado -associada a
pressões de custos advindas do aumento da Cofins e, sobretudo, do
forte encarecimento de matérias-primas no mercado internacional.
O resultado, incômodo, aumenta a
pressão sobre o BC. Por mais que a
demanda esteja contida, esses aumentos de preços no atacado, dada a
sua intensidade, tenderão, mais cedo
ou mais tarde, a chegar aos consumidores. Isso significa que para limitar
a 5,5% a inflação ao consumidor,
que é a meta para 2004, o BC teria de
manter extremo conservadorismo na
administração dos juros. Eis mais
um dado a reforçar as discussões já
em curso sobre as metas de inflação.
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