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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Um magnífico exemplo para a humanidade
Fé, comunicação e trabalho. Esses foram os traços que mais me
impressionaram na exemplar trajetória de vida do papa João Paulo 2º.
Ao longo de 26 anos de pontificado,
o santo padre que foi chamado por
Deus cultivou com impressionante
transparência a fé em Cristo e defendeu com todas as suas forças os princípios básicos da igreja, em especial a
salvação do homem por meio da fé e a
proteção da família como o ninho da
ética, da moral e dos valores básicos
da sociedade humana.
O papa peregrino foi o grande comunicador do século 20. Desde o início de seu pontificado, entendeu que,
para fazer penetrar a palavra de Deus
na humanidade, era preciso sair de
sua casa e levar as lições do Evangelho
aos mais variados grupos em todos os
cantos do planeta. Com viagens incansáveis, ele deu os mais inequívocos
exemplos de que tinha uma vida dedicada à paz e à união dos povos de diferentes credos e concepções religiosas.
Entrou em todas as igrejas e abraçou
todos os seus pastores numa demonstração de que a união entre os homens
está acima de rivalidades religiosas,
políticas ou raciais.
Na sua rotina diária, João Paulo 2º
deu especial atenção aos jornalistas,
respeitando-os como os porta-vozes
da palavra da igreja para as mais longínquas paragens do mundo. Foi com
isso que o santo padre ganhou a atenção de todos os meios de comunicação, do jornal à internet. Sua palavra
era sempre notícia importante. Suas
mensagens eram motivo para análises
profundas.
Como trabalhador, João Paulo 2º foi
exemplar até os últimos momentos de
sua vida. Ele, que cogitou renunciar
em favor de alguém mais saudável para levar avante a palavra de Cristo, recebeu da Graça Divina a orientação de
continuar o seu trabalho pela força
que havia demonstrado perante as
mais altas autoridades do mundo e
pela confiança conquistada junto a todos os povos do mundo.
Ancorado na sua infinita devoção à
Virgem Maria, João Paulo decidiu
continuar e, inspirando-se em Cristo,
carregou a sua cruz com manifesto sofrimento e com uma dor que foi transmitida ao mundo com profundidade
redobrada. As palavras que não saíram de sua boca nos últimos dias de
vida foram retumbantes, expressivas e
suficientemente convincentes para
que todos nós que gozamos de saúde
trabalhemos firmemente em favor do
próximo e dos que mais sofrem, levando avante a sua pregação em favor
da paz, da concórdia e da harmonia
entre os povos.
Foi a trindade de fé, comunicação e
trabalho que comoveu o mundo e
promoveu a maior peregrinação de
toda a história da humanidade em direção à morada do papa -tudo na
mais absoluta ordem e sentimento de
irmandade, do jeito que o santo padre
pregou e queria. Ele ficou feliz.
Pelo seu testamento, o mundo soube
que João Paulo 2º não deixou nenhum
bem. Mas a humanidade inteira sabe
que o sumo pontífice nos legou o que
de mais valioso pode existir entre os
homens: o cultivo da fé e do trabalho
colocado a serviço da paz e da harmonia entre os povos.
Adeus, João de Deus. Reze por nós e
ilumine os que elegerão o novo papa.
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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