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FERNANDO RODRIGUES
Um PT ambíguo
BRASÍLIA - O líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), perdeu uma ótima
oportunidade de seguir a recomendação feita outro dia pelo presidente
Lula: "O bom político pensa antes de
falar. Mas o melhor político é o que
pensa e não diz nada".
Para demonstrar indignação depois que Antonio Carlos Magalhães
se salvou, Tião Viana propôs a extinção do Conselho de Ética do Senado.
Mantê-lo, argumentou, seria "perseverar no exercício da hipocrisia e do
cretinismo parlamentar".
Tião Viana reagia ao fato de o plenário do Senado ter impedido a abertura de um processo de cassação contra ACM. O Conselho de Ética havia
recomendado o oposto.
Pela lógica do líder acreano, a próxima vez que um projeto de reforma
constitucional do governo Lula for
derrubado no plenário da Câmara
ou do Senado, seria melhor então extinguir as comissões nas quais o texto
tiver sido aprovado previamente.
Para sorte do Senado, do PT e do
seu proponente, a sugestão de Tião
Viana foi logo esquecida.
Ainda assim, para que o episódio fique completo, é necessário registrar o
comportamento ambíguo do PT na
não-cassação de ACM.
É verdade que na votação em plenário pela abertura do processo os
petistas estiveram contra o baiano.
Só que a maioria considerou inútil
convocar Adriana Barreto, a ex-namorada grampeada de ACM, para
depor no Conselho de Ética. Qual
efeito teria esse depoimento ao vivo,
em rede nacional? Seria devastador.
Eis aí só um entre vários exemplos da
ambivalência petista.
Um político nunca é cassado apenas no plenário. Tudo depende da
condução do processo anterior, no
qual a maioria do PT esteve omissa
-por convicção, conveniência ou
desídia. Ou tudo isso junto.
E nunca é demais repetir, Tião Viana é líder do PT no Senado.
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