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Saúde
"Os artigos que respondem à
oportuna pergunta da Folha deste
sábado ("A judicialização do acesso
à saúde contraria os princípios do
SUS?') simplesmente reafirmam o
impasse que se tornou o principal
obstáculo à solução desse intrincado problema. De um lado, o "mundo
jurídico", cego ao fato da escassez
de recursos, clama ingenuamente
que "a saúde prevalece sobre o orçamento", como se fosse possível criar
recursos por ordem judicial! Do outro, o "mundo da saúde pública" insiste que a destinação dos recursos
escassos da saúde é questão "eminentemente técnica", na qual o Judiciário não deve jamais interferir.
Ambos os "mundos" estão equivocados, e a solução do impasse exige o
reconhecimento de que a escassez
de recursos implica questão de ordem eminentemente ética: como
distribuir de forma justa os recursos da saúde? Essa importante e
complexa questão, que envolve escolhas trágicas de vida e morte, deve ser enfrentada em conjunto pela
sociedade como um todo, incluindo
juízes e técnicos da saúde, num diálogo aberto e democrático."
OCTÁVIO LUIZ MOTTA FERRAZ , professor de direito
da Universidade de Warwick (Coventry, Reino
Unido)
Judiciário
"É inaceitável que a Febraban
banque um encontro de juízes do
Trabalho num resort de luxo, na
Bahia (Brasil, 9/5). Não terão a mínima imparcialidade e isenção esses magistrados que viajaram com seus familiares, com tudo pago pela
Febraban, para julgar casos que envolvam a Febraban. É imoral e antiético esse tipo de procedimento.
A Febraban não dá nada de graça
pra ninguém e vai querer receber
retorno pelo investimento feito."
RENATO KHAIR (São Paulo, SP)
Esporte
"Escrevo pela surpresa que tive
ao ler na sexta-feira pela manhã a
reportagem "CBF ajuda Itaú com
dinheiro dos clubes" (Esporte, D1).
Informativa e interessante, a reportagem, alinhada ao espírito investigativo da Folha, procura descrever todos os aspectos ligados à
segurança do torcedor nos estádios
no que tange à cobertura obrigatória de seguros. No entanto, o enredo todo termina em uma acusação
grave a uma das maiores instituições financeiras do país, que tem o
histórico de apoiar o maior campeonato de futebol do mundo, o
"Brasileirão", há duas décadas.
Fomos a primeira empresa a
apoiar a candidatura brasileira para
sediar a Copa do Mundo de 2014. E
no momento em que se abatia sobre o mundo uma grave crise econômica, anunciamos o patrocínio à
seleção brasileira de futebol, orgulho nacional. Olhamos para o futuro. Acreditamos que teremos em
2014 um país melhor. E a Copa contribuirá para isso.
O patrocínio tem, sim, objetivos
comerciais e de exposição de marca, mas vai muito além, pois faz
parte da nossa política de investimentos, focada em esporte, cultura
e educação. A relação contratual
que permite o apoio à seleção brasileira é responsável e séria, em linha
com os padrões éticos que sempre
nortearam a instituição. O contrato
citado na reportagem mantém as
mesmas condições anteriormente
contratadas. Não fomos nem somos oportunistas.
Minha preocupação é não deixar
que o tom acusatório colocado no
título ofusque esse trabalho. Ele extrapola o texto, vende um conteúdo
que o leitor não encontra ao longo
da reportagem. Esta minha manifestação está alinhada ao debate democrático que a Folha nos propicia
diariamente. Suas reportagens
atentas e investigativas já fazem
parte do nosso dia-a-dia. Por saber
que será bem aceita dentro do ambiente de Redação, compartilho esta minha reflexão."
ZECA RUDGE , vice-presidente-executivo do Itaú
Unibanco S.A. (São Paulo, SP)
Alfredo Nagib
"Alfredo Nagib faleceu no dia 4 de
maio último, aos 99 anos, de pneumonia. Faltavam poucos meses para que completasse 100 anos. Teve
uma vida admirável em todos os
sentidos. A nota publicada na
Folha a seu respeito não faz jus ao
que esse homem realmente foi.
Alfredo foi pioneiro da televisão
brasileira, tendo iniciado sua carreira jornalística no rádio e, dando
sequência ao seu trabalho, integrou
a primeira equipe de noticiário
quando a televisão chegou ao Brasil, pela rede Tupi. Tinha um estilo
inovador de transmitir as informações, o que lhe valeu o título de "locutor-manchete", a voz que todos
aguardavam com as últimas notícias por várias décadas, marcadamente no auge da Segunda Guerra.
Alfredo dedicou-se ao direito na
segunda metade da vida. Primeiro,
como vogal na Justiça do Trabalho,
como representante do Sindicato
dos Jornalistas, um ramo em que se
tornou especialista e ao qual dedicou seu primeiro livro, o primeiro
jamais escrito sobre o assunto, "Os
Vogais na Justiça do Trabalho".
Formou-se em direito pela Faculdade Paulista de Direito, da PUC-SP, no ano de 1964.
A seguir, com especialização trabalhista, tornou-se um brilhante
advogado e professor universitário.
Seu livro "O Direito do Trabalho" foi
amplamente adotado em várias
universidades. Encantou-se profundamente com o direito e considerava seu escritório um verdadeiro templo. Jamais tirou férias.
Durante sua longa vida, atuou em
muitas frentes. Na mocidade, foi o
galã do filme "A Um Passo da Glória", dirigido por Pinto Filho, em
1953, com a atriz prodígio Sônia
Maria Dorse. Estrelou algumas das
primeiras telenovelas brasileiras e
foi um atleta de destaque em salto
com vara pelo clube Paulistano.
Modestíssimo, jamais contou
vantagem sobre suas muitas realizações. Amava profundamente sua
esposa, Munira, com quem teve
quatro filhos e esteve casado por 55
anos. Foi um homem realizador e
muito à frente do seu tempo."
LUIZ GONZAGA BERTELLI , presidente-executivo do
Centro de Integração Empresa-Escola -CIEE
(São Paulo, SP)
Reforma política
"Estou começando a ouvir vozes
reais ordenando meu silêncio total.
Elas avisam que a minha opinião
não vale nada. Eu penso, estudo,
trabalho, voto, pago impostos, mas
não tenho opinião. Estou apavorado com a descoberta da minha total
inutilidade. O deputado Sérgio Moraes diz que está se lixando para a
minha opinião. Agora o presidente
do STF, Gilmar Mendes, me chama
de "sujeito da esquina". Quem sou
eu, afinal? Só existo como coisa pública para pagar impostos? Descobri que penso, mas não existo."
WILSON GORDON PARKER (Nova Friburgo, RJ)
"Quando vemos no Congresso escândalos sobre escândalos, com alguns envolvidos simulando choro
ao discursar, alegando arrependimento, enquanto outros dizem que
estão se lixando para a opinião pública, porque se reelegem do mesmo jeito, devemos pensar e acabar
com as reeleições. Se olharmos os
componentes do Congresso, veremos que todas essas benesses foram idealizadas por raposas incrustadas no poder há várias legislaturas: criaram para si todas as mordomias. O cidadão tem em suas mãos
uma arma simples para acabar com
isso: não reeleger ninguém."
MELCHIOR MOSER (Timbó, SC)
Exército
"Se o pessoal não consegue evitar
que dois homens armados roubem
o posto do Bradesco que fica no
subsolo do Quartel-General do
Exército, em Brasília, para que serve o Exército? Se fosse no subsolo
de um Quartel-Cabo, ainda vá lá..."
ROBERTO ANTONIO CÊRA (Piracicaba, SP)
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