Nos períodos que precedem eleições, as rixas e diferenças políticas tendem a se acentuar. Infelizmente, nesses momentos, quem mais sofre as conseqüências da disputa é o cidadão comum. Atualmente, São Paulo testemunha dois exemplos clássicos desse tipo de disputa, ambos envolvendo a prefeita Marta Suplicy (PT) e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB).
Um deles é o conflito entre a SPTrans (órgão municipal que gerencia o transporte no município de São Paulo) e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), do governo estadual. Veículos de transporte público intermunicipal, de responsabilidade do Estado, foram proibidos de utilizar o chamado "passa-rápido" -os corredores de ônibus parcialmente concluídos pela administração do PT. A alegação inicial foi que esses ônibus não possuem porta lateral à esquerda. O caráter político da decisão saltou aos olhos quando a prefeitura declarou que mesmo se o problema fosse resolvido a circulação dos veículos estaduais permaneceria vetada.
Por outro lado, desacordos entre as duas instâncias têm impedido que os cartões magnéticos aceitos em ônibus e lotações possam ser usados em estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e do metrô. O governo estadual afirma que a demora se deve, em parte, à exigência burocrática de realizar licitações para efetivar a implantação de um sistema compatível com o utilizado pela prefeitura. São compreensíveis as ponderações, mas é de perguntar se o processo seria tão lento caso o atual prefeito fosse um correligionário do governador Geraldo Alckmin -ou o governador um integrante do PT.
É deplorável que as autoridades estaduais e municipais não consigam -ou não queiram- chegar a um entendimento em nome do bem comum. Foram eleitos para servir aos habitantes do Estado e da cidade, não para prejudicá-los. Entregam-se, no entanto, a picuinhas que apenas prejudicam os paulistanos.


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