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São Paulo, domingo, 10 de agosto de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Cartilha
"O texto de Luiz Carlos Mendonça de Barros publicado na pág. B2 (Dinheiro) em 8/8 deveria ser lido e refletido pelos membros do atual governo federal. É um horror ver que o "governo brasileiro é um dos únicos entre os países em desenvolvimento que seguem à risca a cartilha do chamado Consenso de Washington", como disse o colunista. O atual presidente foi um dos maiores críticos desse, e foi eleito para mudar, para criar novos caminhos."
Felipe Silva (São Carlos, SP)

Qual pacto social?
"No período de transição da Presidência, o governo eleito discutia a formação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, um pólo em que patrões e operários, sem-terras e latifundiários, cristãos e materialistas e práticos e idealistas discutiriam como tirar o Brasil da crise, firmando um pacto social. Enfim, todos deveriam sacrificar-se um pouco. O governo instalou-se e começou a empregar o receituário do FMI. O objetivo passou a ser a geração de superávits e, para isso, veio a reforma da Previdência. Mas o governo não se empenha em cobrar a dívida das grandes empresas com a Previdência e prefere ceder aos magistrados em lugar de atender aos que ganham menos. Qual está sendo a participação das elites nesse pacto?"
Pablo Solano (Santos, SP)

Bom e barato
"Objetivo, realista e muito oportuno o artigo "Reforma, mercado e Estado", do ilustre Clóvis Rossi (Opinião, 8/8). Exercício do magistério bom e barato dá no que deu: a Unesco e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) confirmaram que a escola brasileira não sabe ensinar a ler. Ficamos em 37º lugar num grupo de 41 países, à frente de Macedônia, Albânia, Indonésia e Peru."
Rodolpho Pereira Lima, professor aposentado do magistério estadual (Bauru, SP)

Cupuaçu
"Gostaria de manifestar minha alegria pela visibilidade dada à campanha "O Cupuaçu é Nosso" na edição de 3/8, mas discordo da acusação do diretor da Asahi Foods, Nagasawa Makoto, de que a opinião pública está inclinada em favor de uma campanha "conduzida por ONGs européias". Só o desconhecimento sobre a Amazônia ou a intenção de deturpar os fatos poderiam justificar tal afirmação após os 10 anos de atuação da rede Grupo de Trabalho Amazônico, organização criada em 1992 e formada atualmente por 513 entidades de pescadores, de seringueiros, de agricultores familiares, de povos indígenas, de ribeirinhos, de quebradeiras de coco babaçu, de quilombolas, de rádios comunitárias, de ambientalistas e de assessorias de direitos humanos. A multinacional foi infeliz ao usar os mesmos argumentos de defensores da grilagem de terras e da violência contra os povos da floresta. O desenvolvimento sustentável não é necessário só para essas comunidades mas para o clima terrestre, para a manutenção da biodiversidade e para o resgate da solidariedade preservada por seus habitantes."
José Arnaldo de Oliveira, escritório nacional da rede GTA (Brasília, DF)

Prefeituras
"Fico indignado quando vejo as lamentações de prefeitos sobre o caos financeiro de suas cidades. Ora, onde estavam os dito cujos quando da onda de emancipação de distritos a qualquer custo? Foram em torno de 1.200 nos últimos anos. Criar um município implica arcar com todos os custos administrativos e os investimentos em saúde, educação, saneamento... O curioso é que não se lê "uma vírgula" sobre esse fato. Sugiro que sejam retificadas as leis emancipatórias. Em minha cidade, há um distrito. Mas a idéia de emancipá-lo, defendida por alguns, ainda não vingou. Espero que não vingue até que o distrito tenha receita própria."
João Batista da Rocha (Sertãozinho, SP)

Taxol
"Sobre o artigo do editor de Ciência, Marcelo Leite, "O caso Taxol", publicado em 3/8 no caderno Mais!, é oportuno esclarecer o seguinte: 1) o Taxol só chegou ao mercado devido ao investimento de cerca de US$ 1 bilhão feito pela Bristol-Myers Squibb (B-MS), uma vez que as pesquisas realizadas pelo governo dos EUA, iniciadas em 1963, seriam interrompidas por causa do alto custo dos estudos clínicos necessários para registro no FDA; 2) em 1991, a B-MS foi selecionada entre inúmeras empresas pelo Cooperative Research and Development Agreement (Crada), órgão do governo, e não por um acordo como afirma o artigo; 3) os estudos clínicos financiados pela B-MS permitiram que o Taxol alcançasse níveis de pureza e de qualidade muito superiores aos obtidos em estudos iniciais, além de desenvolver uma versão semi-sintética da droga, o que evitou a extração do teixo-do-pacífico; 4) sem os recursos privados, o Taxol ainda seria um projeto, mas, devido a eles, tornou-se a terapia-padrão no tratamento de câncer de ovário, de mama e de pulmão, com mais de 1 milhão de pacientes tratados em todo o mundo."
Antonio Carlos Salles, diretor de assuntos corporativos da Bristol-Myers Squibb (São Paulo, SP)
Resposta do jornalista Marcelo Leite - Não há erro no uso do termo "acordo", pois a sigla "Crada" não designa um órgão do governo norte-americano, e sim "Cooperative Research and Development Agreement" (acordo cooperativo de pesquisa e desenvolvimento), documento legal firmado entre o governo dos EUA e organizações privadas.

Ombudsman
"Assídua leitora da Folha, muitas vezes fiquei muito brava com as avaliações e as correções do ombudsman: como ousava falar mal e encontrar defeitos naquele que considero o melhor jornal do Brasil? Criara um preconceito em relação a ele. Mas, lendo a coluna de 3/8, entendi perfeitamente sua dedicação com a qualidade do serviço prestado a nós, leitores, até porque seria um "choque na credibilidade" se algo semelhante ao que se passou no "The New York Times" ocorresse na Folha. Peço desculpas por não compreender que o seu papel não era "ser do contra"."
Ângela Luiza S. Bonacci (Pindamonhangaba, SP)

Movimento
"As imagens de Primeira Página em 7/8 puderam renovar em mim o prazer de pertencer a esse país tropical. Vidraça quebrando, chute certeiro, corrida, apito, jornalistas, Oscar Niemeyer, bandeiras vermelhas, rampa ocupada, Juliana Veloso, medalha de prata em um salto que é um vôo. Como nos lembrou Marilena Chaui em recente entrevista, democracia é movimento, é conviver com mudanças. Foi exatamente isso que vi nas três imagens que abriram a edição de 7/8. Não estamos repetindo nenhum governo passado, estamos mudando. Certamente, a velocidade e a direção das mudanças não agradam a todos, mas devemos aprender a conviver com as alterações. Afinal, não há pôr-do-sol que se repita, e a missão humana é mesmo viver a desesperada e salvadora condição de mudar."
Silvana Romani (São José do Rio Preto, SP)



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