São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 2011

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Contenção de danos

Desaceleração da economia na Europa e nos EUA cria oportunidade para o Brasil reduzir taxa de juros e evitar desequilíbrios mais graves

A perspectiva de lento crescimento mundial até 2013 oferece uma oportunidade incomum para reduzir de maneira significativa a taxa de juros básica no Brasil e pôr a economia em trajetória virtuosa.
A provável e forte redução da atividade nos Estados Unidos e na Europa deve avariar também a economia brasileira. Se o governo contiver a tentação de conceder estímulos adicionais e artificiais ao consumo, o Banco Central poderá reduzir a Selic mais rapidamente do que antes se planejava.
Tal atitude contribuiria para a melhoria das contas do governo, pois evitaria o desperdício de pagamento de juros da dívida pública. Passado o período de crise mais aguda, a economia nacional estaria mais saudável.
As enormes oscilações dos mercados financeiros são, em última análise, resultado de uma reorganização global das aplicações de grandes investidores. Esse movimento se deve à percepção de que a economia mundial está numa deriva entre a quase estagnação e o risco, ainda remoto, de colapso.
O Fed (banco central dos EUA) anunciou que sua taxa de juros básica permanecerá em nível zero até 2013 e insinuou que pode tomar medidas adicionais de estímulo -um forte manifesto sobre a gravidade da crise por lá.
A decisão do Congresso americano de limitar o avanço do gasto público eliminou uma fonte de estímulo à retomada econômica. Na Europa de governos superendividados e em risco de insolvência, a perspectiva não é melhor.
O preço e a quantidade das exportações brasileiras devem diminuir (o que reduz a pressão inflacionária). Crédito e investimentos externos devem crescer menos. A confiança dos empresários tomará um choque. Com as medidas já adotadas de contenção do crédito e alta de juros, a perspectiva é de desaceleração também no Brasil.
No auge da crise de 2008, o governo brasileiro evitou colapso profundo e desnecessário do crescimento por meio de estímulos tais como gasto público e crédito ampliado nos bancos estatais. Estendeu demais a duração e a intensidade do estímulo, com o que a economia cresceu em demasia em 2010, o que provocou inflação.
Excetuada a hipótese de nova catástrofe na economia mundial, o governo deveria abster-se de estimular o consumo. Mesmo com a desaceleração econômica, as pressões inflacionárias ainda resistirão até o início de 2012 -ou menos, se o governo contiver o gasto e evitar nova expansão de crédito estatal. Se insistir no crescimento de curtíssimo prazo, pode exacerbar desequilíbrios.
O resultado seria absurdo: uma economia inflacionada, com juros altos, num mundo em recessão.


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