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Contenção de danos
Desaceleração da economia na Europa e nos EUA cria oportunidade para o Brasil reduzir taxa de juros e evitar desequilíbrios mais graves
A perspectiva de lento crescimento mundial até 2013 oferece
uma oportunidade incomum para
reduzir de maneira significativa a
taxa de juros básica no Brasil e pôr
a economia em trajetória virtuosa.
A provável e forte redução da
atividade nos Estados Unidos e na
Europa deve avariar também a
economia brasileira. Se o governo
contiver a tentação de conceder
estímulos adicionais e artificiais
ao consumo, o Banco Central poderá reduzir a Selic mais rapidamente do que antes se planejava.
Tal atitude contribuiria para a
melhoria das contas do governo,
pois evitaria o desperdício de pagamento de juros da dívida pública. Passado o período de crise
mais aguda, a economia nacional
estaria mais saudável.
As enormes oscilações dos mercados financeiros são, em última
análise, resultado de uma reorganização global das aplicações de
grandes investidores. Esse movimento se deve à percepção de que
a economia mundial está numa
deriva entre a quase estagnação e
o risco, ainda remoto, de colapso.
O Fed (banco central dos EUA)
anunciou que sua taxa de juros
básica permanecerá em nível zero
até 2013 e insinuou que pode tomar medidas adicionais de estímulo -um forte manifesto sobre a
gravidade da crise por lá.
A decisão do Congresso americano de limitar o avanço do gasto
público eliminou uma fonte de estímulo à retomada econômica. Na
Europa de governos superendividados e em risco de insolvência, a
perspectiva não é melhor.
O preço e a quantidade das exportações brasileiras devem diminuir (o que reduz a pressão inflacionária). Crédito e investimentos
externos devem crescer menos. A
confiança dos empresários tomará um choque. Com as medidas já
adotadas de contenção do crédito
e alta de juros, a perspectiva é de
desaceleração também no Brasil.
No auge da crise de 2008, o governo brasileiro evitou colapso
profundo e desnecessário do crescimento por meio de estímulos
tais como gasto público e crédito
ampliado nos bancos estatais. Estendeu demais a duração e a intensidade do estímulo, com o que
a economia cresceu em demasia
em 2010, o que provocou inflação.
Excetuada a hipótese de nova
catástrofe na economia mundial,
o governo deveria abster-se de estimular o consumo. Mesmo com a
desaceleração econômica, as
pressões inflacionárias ainda resistirão até o início de 2012 -ou
menos, se o governo contiver o
gasto e evitar nova expansão de
crédito estatal. Se insistir no crescimento de curtíssimo prazo, pode
exacerbar desequilíbrios.
O resultado seria absurdo: uma
economia inflacionada, com juros
altos, num mundo em recessão.
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