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EFEITO PETRÓLEO
O petróleo e o gás natural respondem por 60% da matriz
energética mundial. As empresas de
petróleo se tornaram as maiores corporações do mundo em termos de
faturamento. Após a criação da Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (Opep), que concentra
78% das reservas mundiais e 38% da
produção, os EUA começaram a desregulamentar o processo de formação do preço internacional do petróleo. O preço-alvo, que era regulado
pelos EUA até o primeiro choque do
petróleo, em 1974, passou a ser o preço mínimo capaz de garantir a rentabilidade das empresas petrolíferas de
origem americana. Sob influência
norte-americana, a Arábia Saudita,
que detém as maiores reservas petrolíferas do mundo, ficou responsável
pela regulação de última instância do
mercado, expandindo ou contraindo
a oferta, de acordo com a demanda e
as oscilações de preços nos principais mercados de "commodities",
sobretudo na Bolsa de Mercadorias
de Nova York e de Londres.
Atualmente, a oferta mundial de
petróleo está estimada em 83,6 milhões de barris por dia, sendo que a
expansão da atividade econômica internacional em curso produz uma
demanda para 81,5 milhões de barris
por dia. O aumento da procura, se
aproximando da oferta, contribui para fomentar os movimentos especulativos e para a excessiva volatilidade
das cotações. Turbulências políticas
em qualquer país produtor (no
Oriente Médio, na Venezuela, na Nigéria ou na Rússia), notícias referentes à redução da capacidade de transporte ou, ainda, divergências sobre a
possibilidade da Opep ou das refinarias de ampliar a oferta no curto prazo tendem a desencadear fortes oscilações de preços.
A alta nas cotações do petróleo, que
ultrapassou os US$ 50 o barril na semana passada, não deverá ter grandes impactos no balanço de pagamentos brasileiro, como ocorreu na
década de 70. A Petrobras obteve ganhos consideráveis na oferta doméstica, inclusive com avanços tecnológicos na exploração de águas profundas, que já ultrapassou os 2.400
metros. A dependência externa de
petróleo e seus derivados caiu de
48,6% em 1993 para 9,4% em 2002.
Isso, no entanto, não elimina o contágio nos preços internos.
A Petrobras tem procurado evitar
transmitir para os preços internos a
excessiva volatilidade das cotações
internacionais. Contudo a manutenção da defasagem de preços, que hoje é flagrante, pode ocasionar perdas
para a empresa, seus acionistas e refinarias privadas, como Manguinhos
e Ipiranga. Desde 14 de junho, quando ocorreu o último aumento da gasolina no mercado brasileiro, o preço do petróleo já subiu 35% no mercado internacional. Nesse contexto,
é preciso que a Petrobras atue de maneira realista e evite cair na perigosa
tentação de ajustar seus preços às
conveniências políticas.
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