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ELIANE CANTANHÊDE
Brincadeirinha
BRASÍLIA - Lula está parecendo
outro homem depois de reeleito
com boa margem de votos e de centralizar no seu gabinete do Planalto
as negociações políticas para compor o novo ministério. Ele adora.
Ontem, no Itamaraty, queimado
de sol e sorridente, passou a exercitar uma das suas novas modalidades: confirmar ministros, para, em
seguida, negar tudo. E ri, divertindo-se com a agonia dos coitados,
que estão loucos para ficar, dos candidatos, que estão loucos para entrar, e dos jornalistas, que estão loucos para saber menos quem sai e
mais quem fica e quem entra.
Lula percebe e dá corda. Na quarta-feira, aproveitou-se de uma solenidade em que uns gatos pingados
gritavam "fica, fica" para anunciar
que era "o dia do fico". Pronto. A
conclusão foi que o ministro Fernando Haddad estava confirmadíssimo na Educação. Estava? Não.
Era brincadeirinha.
Ontem, a cena se repetiu, numa
área ainda mais sensível: o Banco
Central. Primeiro, Lula disse que
não tinha por que trocar Henrique
Meirelles (aquele que os próprios
ministros tentam culpar pelos índices haitianos de crescimentos):
"Para que tirar?".
Pronto. A conclusão foi que Meirelles estava confirmadíssimo. Estava? Não. Ou melhor: pode até estar, mas Lula tratou de corrigir em
segundos, "explicando" que não tinha confirmado nada. Pode estar
confirmado, pode não estar, pode
estar agora e não estar depois.
É assim que a Esplanada dos Ministérios vai virando uma concentração de ministros ansiosos para
mostrar serviço, bom humor e proximidade do chefe. Enquanto, fora
dela, o PT, o PMDB e demais aliados lambem os lábios, famintos.
Lula já tem muita coisa da nova
equipe na cabeça, e tanto Meirelles
como Haddad devem ficar, mas ele
não vai anunciar assim tão fácil. Pra
que, se ele pode se divertir tanto e
dar boas gargalhadas ainda um bom
tempo com a aflição alheia?
elianec@uol.com.br
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