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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Energia e o futuro da nação
A CRISE do gás criada pela
Bolívia exacerbou o grave
problema que o Brasil tem
no campo energético. O acordo
realizado pela Petrobras foi o menos pior. A empresa teve de ceder
muitos anéis para preservar os dedos. Tudo porque o Brasil não possui gás em quantidade suficiente
para tocar o seu projeto de crescimento nacional.
Não é só a Bolívia que chama a
atenção para a questão do gás. A
Rússia está reavivando o seu desejo
de grande potência (dominadora)
com base no gás e no petróleo. Sendo possuidora de uma das maiores
reservas do mundo, a pressão sobre os consumidores de gás e petróleo aumenta a cada dia.
Os países do Leste Europeu têm
uma dependência brutal do gás
russo. Estônia, Letônia, Lituânia,
Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia não podem fazer
nada sem o gás russo. O mesmo
ocorre com outros países da ex-União Soviética e com grande parte
das nações da Europa Ocidental. A
Rússia levou a Ucrânia ao desespero quando suspendeu o fornecimento de gás àquele país em fevereiro de 2006.
Gás, petróleo, eletricidade, usinas nucleares, enfim, a questão
energética está no centro da economia mundial, sendo determinante de progresso ou de desastre,
de avanços ou de retrocessos, de
paz ou de guerra. Nesse campo,
quem tem mercadoria sabe que
dispõe de uma rara preciosidade.
Ninguém dá nada em troca.
O Brasil terá seu crescimento severamente comprometido se não
investir de forma maciça em energia. A verdade pura e simples é que
não temos condições de crescer
mais do que 3,5% ao ano com a
energia atualmente disponível. Como não temos investido quase nada nesse setor e as obras são sempre demoradas, estamos diante de
um quadro que não gostaria de pintar. O Brasil não tem condições de
crescer por falta de energia.
O mais triste é ver que isso se dá
em um país abençoado por Deus e
que dispõe de uma imensidão de
alternativas energéticas, em especial, a da energia hídrica, que é a
mais cobiçada no mundo por ser
não poluente e de custo baixo, além
da grande longevidade das usinas.
Avançamos no petróleo e demos
alguns passos no território do gás
natural. A Petrobras é uma gigante
de competência nessas duas áreas.
Mas o petróleo de grandes profundidades está cada vez mais caro e
com um futuro demarcado. O gás é
inexistente na quantidade de que
precisamos.
Os últimos anos foram marcados
por muita falação e pouca ação. O
Brasil precisa de uma força-tarefa
com grande poder decisório para
pôr em prática a construção de usinas elétricas que garantirão o nosso futuro.
antonio.ermirio antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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