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RUY CASTRO
Vírus e espiões
RIO DE JANEIRO - Um cidadão
comum, inocente nas manhas da
internet, pode ver-se em tantos perigos na rede quanto Chapeuzinho
Vermelho na floresta. O mundo está cheio de parentes eletrônicos do
Lobo Mau -gente cruel, que se diverte nos induzindo a abrir os anexos e links que disparam para ter
nosso computador invadido por
seus vírus e espiões.
E como fazem isso? Enviando
uma mensagem do "nosso interesse". É o banco fulano que precisa
"atualizar" nosso acesso ao seu sistema de identificação, ou o banco
beltrano que, como se fundiu com o
sicrano, precisa "reconfigurar" nosso cadastro. Para isso, diz o texto,
basta clicar abaixo e, depois, em
"salvar" e "executar". Quando você
acorda e se dá conta de que não é
cliente daqueles bancos, é tarde
-seus dados bancários já foram.
Outra armadilha é a do "Ministério Público da Justiça", que, no desempenho de suas atribuições etc.,
com fundamento nos artigos tais,
inciso xis da Lei Complementar de
30 de fevereiro de 1993, intima Vossa Senhoria -você, o otário- a
comparecer à Procuradoria do Trabalho para participar de audiência
relativa ao "procedimento investigatório em epígrafe". Para saber
mais, "clique no link". Faça isto -e
você verá o inciso que o espera.
Mas as campeãs de audiência são
as mensagens que começam com
"Oiêêê, quanto tempo... Já se esqueceu de tudo? Olha o que eu fiz
com as nossas fotos. Não deixe ninguém ver, hein?" e o convidam a clicar para ver as "fotos". Você não se lembra de foto nenhuma, mas sabe-se lá? Pois, no que clicou, como diria o presidente Lula, sifu.
O que nos salva e nos impede de
abrir essas tentações é o português
de quinta com que as mensagens
são escritas. Elas são criativas, mas
escritas por semi-analfabetos, gente ruim de pronome e vírgula.
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