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MARIA SYLVIA CARVALHO FRANCO
Crescimento e universidade
SERRA, na investidura de governador, expôs suas diretrizes. Convicção e responsabilidade, unas, aliam-se à oposição
prudente e vinculam-se a reformas
hostis ao "realismo". Dessa ética
segue-se o dever moral: respeito a
si e à coisa pública. Do nexo entre
ética e moralidade resulta o juízo
negativo sobre a atual crise de fé
pública. Firma-se, nesses marcos, o
projeto inovador ("para além do
discurso") onde se alojam as prerrogativas civis. Serra acentua a importância republicana e socioeconômica de São Paulo, tópico que se
enlaça ao discurso no Bandeirantes, onde destaca as fronteiras da
cidadania ("o cidadão global inexiste") e enfatiza o Estado ágil.
Na defesa do crescimento com
emprego (versus estagnação com
assistencialismo), Serra invoca a
"lei (não escrita) da responsabilidade social -saúde, educação, cultura, segurança". Embora varie o
alcance e fundamento (religioso,
costumeiro, por natureza ou convenção) dessa ordem silente, ele a
utiliza com a generalidade e força
da lei codificada. Se assim é, explicita-se o seu pacto com o povo: garantir instituições atuantes, aptas a
resgatar a geração de riquezas e valorizar o ser humano.
Crescer requer empenho em
ciência e tecnologia: nessas áreas,
as universidades públicas paulistas
são as mais produtivas do país. É
grave, pois, o veto aos recursos adicionais a elas atribuídos, já aprovados no Legislativo. Deles depende a
expansão visada por seus reitores e
assumida pelo governo. Esse corte
ameaça o ensino e a pesquisa, sem
os quais o elã de crescer vira quimera. Tal opção evidencia uma
quebra de contrato. Nos compromissos selados, desde 2002, entre
universidades e governo, a parte
acadêmica foi cumprida, ultrapassando o aumento de 20% das vagas
em graduação até 2006; a promessa do Executivo está sendo elidida,
retardando o avanço científico e a
ampliação do ensino público superior gratuito, cuja demanda é crescente.
A Unicamp, que gera o máximo
de patentes -191 em 2006, acima
da Petrobras, com 177 (Inpi)-, talvez seja a mais lesada. Esse veto fere o trato, firmado com o governo
em 2005, de assegurar meios para
construir novo campus em Limeira. Esses recursos (R$ 80 milhões
em quatro anos), e um adicional
(0,05%), destinavam-se à edificação, investimento humano e manejo do espaço físico. Esse campus
começaria com mil vagas em engenharia de produção e de manufatura, em gestão de agronegócio e comércio internacional, de empresas
e políticas públicas. Na área humana: terapia ocupacional, fisioterapia, nutrição, esporte, produção
cultural, conservação e restauro.
Cursos em certa medida inéditos
no país. Cabe sanar o descompasso
entre idéia e fato.
sylvia.franco@uol.com.br
MARIA SYLVIA CARVALHO FRANCO escreve às
quintas-feiras nesta coluna.
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